sábado, 25 de dezembro de 2010

Linda mensagem, Gilsomar!


Hoje eu iria procurar um texto sobre o NATAL e o seu significado para enviar aos meus amigos(as). Mas, pensando no NATAL, qual é verdadeiramente o seu significado? o que se esconde por tráz dele?
Penso que o AMOR! mas não o AMOR que pensamos conhecer e sim o sublime e verdadeiro AMOR! Tão intenso que somente o altíssimo pode nos mostrar o seu real siginificado. O AMOR para mim e pra voce não é o mesmo AMOR que DEUS nos presenteou quando enviou seu filho JESUS para a remissão de nossos pecados! O AMOR que um homem sente por uma mulher ou uma mulher por um homem, o amor de uma mãe ou pai por seu filho (a), o amor de um filho (a) por seus pais, o amor por
um (a) amigo (a) ou mesmo por um estranho. Este AMOR ainda está muito longe do AMOR de DEUS. Portanto nesta semana de NATAL, em que a familia toda se reune para a ceia e louvar à Cristo, quero desejar a todos, amigos ou não, que possamos ter em nosso corações o verdadeiro AMOR de DEUS! que finalmente possamos pensar e rtefletir sobre o nosso mundo de hoje, tão longe e distante dos propósitos de DEUS. Vamos refletir por ums minutos e juntos começar a elevar o pensamento em DEUS. Na
passagem de 24 para 25, faça um minuto de Oração em AMOR a todos os seres humanos, merecedores ou não de nosso AMOR, nós fomos merecedores do AMOR de DEUS, lembremos dele nesta data e vamos devolver em dobro o AMOR que ele nos deu.

FELIZ NATAL! ao Senhor meu PAI, ao seu filho Jesus e a tods os seres humanos, com muito AMOR!
(esta mensagem foi feita por meu marido, Gilsomar N. Lopes, achei por bem publicar)

sábado, 4 de dezembro de 2010

domingo, 28 de novembro de 2010

Artesanato; MOSAICO NA TELHA

Adoro trabalhos em telha e mosaicos. Esse vídeo incorporou as duas técnicas e ficou lindo!


(execução: Iara Capraro)

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Hora da culinária: Massa de torta perfeita

<a href="http://video.br.msn.com/?mkt=pt-br&amp;vid=ebf86dfe-1565-9632-ed8e-fa2f90d03af0&amp;from=pt-br&amp;fg=dest" target="_new" title="A Massa de Torta Perfeita">Vídeo: A Massa de Torta Perfeita</a>

domingo, 14 de novembro de 2010

Crônica de Miguel Fallabela - Nuvens do Profeta Gentileza

Profeta Gentileza

Eu vinha dirigindo pela enseada de Botafogo, o dia tinha nascido sobre o desfile da Beija-Flor e a manhã soprou uma brisa fresca, antes de o Sol inundar tudo. Mas lá vinha eu, cansado, de janela aberta, sorvendo o ar da minha cidade, feliz da vida, quando apertei a tecla errada no aparelho de som e, ao invés de entrar o samba da Grande Rio, Ella Fitzgerald surgiu cantando Cole Porter, com aquela doçura e categoria de sempre. Imediatamente, o mundo mudou lá fora, minha cabeça deu uma guinada violenta e o olhar foi redirecionado. Ela mal começou a cantar e o olhar foi redirecionado. Música faz isso com a gente, às vezes.

Música nos atira para o ar de repente, sem aviso. É isso. Rouba o chão e estende um tapete de nuvens no lugar. Ella Fitzgerald fez isso, esta manhã, quando eu dirigia pela enseada de Botafogo, achando linda a minha cidade, imaginando o que será dela num futuro que eu não verei. Um futuro distante, quando arqueólogos importantes recuperarão parte dos grandes blocos de concreto com as inscrições do profeta Gentileza, aquelas mesmas que me acostumei a ler e reler nas idas e vindas da Ilha. A beleza gráfica das letras e a composição de suas profecias, de suas palavras de amor. E simplesmente apagaram tudo. Não tiveram sequer o bom senso de perguntar a nós, moradores da cidade, para quem as palavras eram dirigidas. Junto com as palavras de Gentileza, afogados na tinta do poder, vão-se pedaços das minhas viagens e dos meus sonhos, sacolejando nos ônibus, o olhar perdido na feia paisagem da Avenida Brasil, os olhos adolescentes projetando seus sonhos no comprido muro do cemitério do Caju. Tudo apagado. Por um tempo, talvez. Quem sabe, por esses misteriosos descaminhos, aquelas não sejam tábuas de uma grande religião do futuro, preservadas sob a tinta que um dia quis destruí-las. Sei lá, pode ser que aconteça. E pode ser também que tudo desapareça num tapete de nuvens. Mas prefiro acreditar nos mistérios que a vida volta e meia oferece.

Enfim, lembrei da obra de Gentileza e do belo enredo de Joãosinho Trinta e fui colocar o samba da escola para sacudir a manhã, quando deu-se a melódia. Ella começou a cantar e meu corpo cansado parou, enquanto a alma, cheia das alegrias da noite de batuque, virou de cabeça para baixo e, de repente, eu voando nos ares da harmonia, imaginei que nossas existências são desfiles, com grandes carros alegóricos, um para cada evento importante do nosso enredo. E o dia foi passando com mais vagar pela janela, até a brisa segurou a respiração para que alguns dos carros mais delicados passassem pela avenida à beira mar. Congelou-se a imagem daquele momento, a fotografia para sempre guardada nos anais do tempo.

E, na cabeça, eu ia repassando algumas das mensagens que recebi por causa da tal revisita a um dia escolhido, que eu propus na última crônica. Como de hábito, meus leitores se inspiraram e eu tenho recebido poesia de toda parte, pedaços de lembrança, retalhos de vidas, que de alguma forma tento costurar para dar sentido à minha. O nosso patchwork particular. As lembranças de vocês iam se desenrolando na minha cabeça, um grande desfile, carros passando em câmera lenta, Ella cantando ao fundo e o Rio de Janeiro abrindo as cortinas do dia e deixando o sol entrar. Foi assim, esta manhã.

Dormi quase o dia inteiro, um sono picado, besta, de quem parece que tem medo de sonhar. Acordando toda hora, achando que ainda não tinha descansado o bastante, e volta e meia lembrando de um relato, de uma lembrança de alguém, que de longe me ajuda, agora, a escrever esta crônica. Não consegui dormir direito, no final das contas, enquanto o dia corria célere lá fora, ao encontro das luzes do segundo dia. Fiquei zanzando pela casa vazia e acabei sentado no computador, recebendo novas mensagens, mais corações rebentando em flor e gente que fala bonito e pensa bonito e eu vou lendo como quem se ilustra. Acabei marcando todas as mensagens que vocês me enviaram e quero ver se consigo realmente fazer uma crônica que seja uma colcha dos retalhos de todos os nossos corações urbanos (ou, pelo menos, os desses encontros às quintas-feiras). Não sei ainda de que jeito, mas uma hora, assim como quem não quer nada, eu me inspiro.

E, já que todos confessaram tão despudoramente suas preferências, sinto-me na obrigação de compartilhar igualmente meus segredos, de modo que, muito aqui entre nós, se me dado fosse este direito, o dia que revisitaria seria aquele mais comum, um dia de semana qualquer. Nada especial. Apenas um brilho verde nos olhos, um meio sorriso no canto da boca e uma promessa de amor no ar. Esse dia seria o revisitado.

Se me dado fosse esse direito.

Quem foi o "Profeta Gentileza" ?


Sua infância

Com mais nove irmãos, José Datrino teve uma infância de muito trabalho, onde lidava diretamente com a terra e com os animais. Para ajudar a família, puxava carroça vendendo lenha nas proximidades. Desde cedo aprendeu a amar, respeitar e agradecer à natureza pela sua infinita bondade. O campo ensinou a José Datrino a amansar burros para o transporte de carga. Tempos depois, como profeta Gentileza, se dizia “amansador dos burros homens da cidade que não tinham esclarecimento”. Desde sua infância José Datrino era possuidor de um comportamento atípico. Por volta dos doze anos de idade, passou a ter premonições sobre sua missão na terra, onde acreditava que um dia, depois de constituir família, filhos e bens, deixaria tudo em prol de sua missão. Este comportamento causou preocupação em seus pais, que chegaram a suspeitar que o filho sofria de algum tipo de loucura, chegando a buscar ajuda em curandeiros espíritas.

No Rio de Janeiro

Aos vinte anos foi para o estado do Rio de Janeiro, enquanto sua família mudava-se para Mirandópolis, também cidade do interior de São Paulo. No Rio de Janeiro, casou com Emi Câmara com quem teve cinco filhos. Começou sua vida de empresário com um pequeno empreendimento na área de transportes, onde fazia fretes para o sustento da família. Aos poucos, o negócio foi crescendo até se tornar uma transportadora de cargas sediada no centro da cidade.

Surge o Profeta Gentileza

No dia 17 de dezembro de 1961, na cidade de Niterói, quando tinha 44 anos, houve um grande incêndio no circo “Gran Circus Norte-Americano“, o que foi considerado uma das maiores tragédias circenses do mundo. Neste incêndio morreram mais de 500 pessoas, a maioria, crianças. Na antevéspera do natal, seis dias após o acontecimento, José acordou alucinado ouvindo “vozes astrais“, segundo suas próprias palavras, que o mandavam abandonar o mundo material e se dedicar apenas ao mundo espiritual. O Profeta pegou um de seus caminhões e foi para o local do incêndio. Plantou jardim e horta sobre as cinzas do circo em Niterói, local que um dia foi palco de tantas alegrias, mas também de muita tristeza. Aquela foi sua morada por quatro longos anos. Lá, José Datrino incutiu nas pessoas o real sentido das palavras “Agradecido” e “Gentileza”. Foi um consolador voluntário, que confortou os familiares das vítimas da tragédia com suas palavras de bondade. Daquele dia em diante, passou a se chamar “José Agradecido“, ou simplesmente “Profeta Gentileza”.

Após deixar o local que foi denominado “Paraíso Gentileza”, o profeta Gentileza começou a sua jornada como personagem andarilho. A partir de 1970 percorreu toda a cidade. Era visto em ruas, praças, nas barcas da travessia entre as cidades do Rio de Janeiro e Niterói, em trens e ônibus, fazendo sua pregação e levando palavras de amor, bondade e respeito pelo próximo e pela natureza a todos que cruzassem seu caminho. Aos que o chamavam de louco, ele respondia: – “Sou maluco para te amar e louco para te salvar“.

Os murais

A partir de 1980, escolheu 56 pilastras do Viaduto do Caju que vai do Cemitério do Caju até a Rodoviária Novo Rio, numa extensão de aproximadamente 1,5km. Ele encheu as pilastras do viaduto com inscrições em verde-amarelo propondo sua crítica do mundo e sua alternativa ao mal-estar da civilização. Durante a Eco-92, o Profeta Gentileza colocava-se estrategicamente no lugar por onde passavam os representantes dos povos e incitava-os a viverem a Gentileza e a aplicarem Gentileza em toda a Terra.

Citação: “Gentileza Gera Gentileza”.

Após sua morte

Em 29 de maio de 1996, aos 79 anos, faleceu na cidade de seus familiares, onde se encontra enterrado, no “Cemitério Saudades”.

Com o decorrer dos anos, os murais foram danificados por pichadores, sofreram vandalismo, e mais tarde cobertos com tinta de cor cinza. Com ajuda da prefeitura da cidade do Rio de Janeiro, foi organizado o projeto Rio com Gentileza, que teve como objetivo restaurar os murais das pilastras. Começaram a ser recuperadas em janeiro de 1999. Em maio de 2000, a restauração das inscrições foi concluída e o patrimônio urbano carioca foi preservado.

No final do ano 2000 foi publicado pela EdUFF (Editora da Universidade Federal Fluminense) o livro Brasil: Tempo de Gentileza, do professor Leonardo Guelman. A obra introduz o leitor no “universo” do profeta Gentileza através de sua trajetória, da estilização de seus objetos, de sua caligrafia singular e de todos os 56 painéis criados por ele, além de trazer fatos relacionados ao projeto Rio com Gentileza e descrever as etapas do processo de restauração dos escritos. O livro é ricamente ilustrado com inúmeras fotografias, principalmente do profeta e de seus penduricalhos e painéis. Além de fotos do próprio profeta Gentileza trabalhando junto a algumas pilastras, existem imagens dos escritos antes, durante e após o processo de restauração.

jose-08.jpg

terça-feira, 12 de outubro de 2010

POR QUE NÃO UMA RECEITA? (2)




Esse bolo de queijo, que achei no blog "Pitadinhas" se parece muito com o que minha mãe fazia, era referência nas festas de aniversário da gente, todo mundo ia prá comer o bolo de queijo da Cecília... Lá vai:

Massa
400g farinha de trigo
100g margarina
– usei no total 200g manteiga
100g gordura vegetal
2 ovos inteiros
½ colher (café) sal
4 colheres (sopa) açúcar

Gema para pincelar
- não pincelei desta vez

Com duas facas, misture as gorduras ou manteiga com a farinha, até obter uma farofa, junte os demais ingredientes, forme uma bola e deixe descansar por 30 minutos – se estiver muito quente, leve à geladeira.
Pré-aqueça o forno a 180ºC.
Escolha uma forma redonda, 28-30cm de diâmetro, que abra nas laterais e unte-a com manteiga.
Abra a massa com um rolo. Com ¾ da massa, forre a forma, coloque o recheio, leve ao forno por 30 minutos, retire do forno, retire a parte lateral da forma, pincele com clara de ovo sem bater, e cubra com aspirais (com a parte restante da massa
- que não fiz) de massa.
Pincele toda a torta com gema e leve ao forno por mais 30 minutos.
Retire do forno, e peneire açúcar de confeiteiro.
Sirva gelada.

Recheio
Creme de baunilha
450 ml leite
2 colheres (sopa) açúcar
2 colheres (sopa) farinha de trigo
2 gemas
1 colher café baunilha

1 ricota, passada pela peneira
- usei uma de 600g
2 gemas
¼ xícara (chá) leite (50ml)
2 colheres (sopa) farinha de trigo
1 xícara (chá) açúcar
1 xícara (chá) uvas passas sem caroços, passadas por água fervente
2 claras em neve

Faça o creme de baunilha:
Numa panela média, coloque 300ml de leite e o açúcar e leve ao fogo para ferver. Enquanto isso, dissolva a farinha e as gemas nos 150ml de leite restante; quando o leite ferver, junte um pouco no leite frio, misture, mais um pouco do quente no frio, misture, e volte tudo ao fogo, mexendo sempre até ferver, por 3 minutos.
Apague o fogo, junte a baunilha, mexa bem, transfira para um refratário, cubra com filme plástico rente ao creme e deixe esfriar.
Quando o creme estiver frio, junte aos demais ingredientes do recheio e aplique.



1 ANO DO BLOG!!! ... DIA DAS CRIANÇAS


HOJE É NIVER DO BLOG. QUER DATA MAIS FESTIVA QUE O DIA DAS CRIANÇAS??
ENTÃO, À TODAS AS CRIANÇAS (INCLUSIVE EU) E AO BLOG, MUITA ENERGIA,
ALEGRIA, DIVERSÃO, AMIZADES!!!!

sábado, 25 de setembro de 2010

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

STAMMTISCH - Acho que ando meio nostálgica...





O termo stammtisch é formado da junção das palavras stamm, que significa tronco e tisch, que significa mesa. Ou seja, numa tradução fiel "mesa de tronco". O dicionário Michaelis (alemão/ português), acrescenta dois outros aspectos que procuram explicar o significado do termo: "Stammtisch, mesa cativa de grupo de frequentadores". Desta forma, define um local pré-determinado (mesa cativa) e incorpora, a este local, a presença de um grupo de frequentadores habituais.
Entretanto, além dos aspectos pré-determinantes que envolvem o sentido do termo, para entendê-lo é preciso trazer à luz o espírito reinante neste ambiente. Não é outra a intenção demonstrada numa jocosa definição contida em uma placa pirografada afixada num espaço existente para a reunião destes grupos na Cervejaria Hofbräuhaus, em Munique. A este respeito, por ocasião da comemoração dos 400 anos desta cervejaria, em 1989, o apresentador do programa especial rodado pela TV alemã ZDF assim traduziu a salada de letras contida nesta placa: "Stammtisch é: Um determinado local, uma determinada mesa, num determinado canto, onde em determinados dias, umas determinadas pessoas, num determinado horário, tomam assento em determinadas cadeiras. Ali, com uma determinada quantidade de uma determinada bebida, falam sobre alguns determinados temas, e então numa determinada hora, com um determinado porre, determinam ir para casa onde uma determinada pessoa espera, com certeza, com um determinado protesto". E conclui o apresentador da ZDF: "Isto está determinadamente certo". Uma versão mais romântica do que significa stammtisch, passada geração após geração pela tradição oral, conta que o termo começou a ser usado na Idade Média. Os lenhadores bávaros, ao cortar a primeira árvore de uma nova área de extração de madeiras, faziam-no à altura de uma mesa e, de seus galhos mais grossos, cortavam toletes que lhes serviriam de bancos. Era ao redor desta mesa improvisada que faziam suas refeições e, ao final do trabalho diário, ali se reuniam para bater papo, planejar o dia seguinte e bebericar do vinho que traziam em seus alforjes. O seu tronco comum (stamm), era a sua própria profissão ou atividade (lenhadores) e o espírito reinante ao final de cada jornada de trabalho, ao redor daquela improvisada mesa (tisch), forjada no tronco da árvore, não era outro que relaxar, jogar conversas ao léu, cultivar a amizade, celebrar a vida. Segundo esta versão, o hábito daqueles lenhadores ganhou as tabernas, nas cidades, e nestes ambientes, teria se perpetuado o nome stammtisch para todos aqueles que, habitualmente, as freqüentavam e costumavam, na companhia de amigos, sentar-se numa mesma mesa previamente reservada ou que lhes era cativa. Mais tarde, o nome acabou identificando aqueles que, além da amizade, detinham outros aspectos comuns, o mesmo local de trabalho, uma determinada atividade cultural, social ou política, etecetera (mesmo tronco, mesmas raízes), que justificasse o fato de se encontrarem, ao redor de uma mesma mesa, uma mesa cativa. Foi ali, no ambiente das tabernas que os grupos se deixaram envolver por outra bebida além do vinho, a cerveja, na maioria dos casos, como ainda hoje, era produzida nestes próprios estabelecimentos ou na cidade aonde se localizavam. Certa, errada ou meramente especulativa, esta versão é a que, sem sombra de dúvida, mais se encaixa com o jeito de ser dos Stammtische espalhados pela Alemanha, Áustria, Suíça, Dinamarca e em outros países sob influência tedesca, bem como aqui no Brasil, nas cidades colonizadas por descendentes destes países.


Os KLEINGARTENVEREIN-pequenas obras-primas




Quando visitei a Alemanha, em 2000, andei muito de trem. E reparei que em cada lugar que passava, ao lado da via férrea, estendiam-se pequenos e belos jardins com casinhas e suas flores e plantações, e isso nas várias cidades por onde andei. Aí me hospedando em casa de amigos, curiosa, perguntei à eles sobre esses jardins, e eles, além de me explicarem o que eram os Kleingartenverein me contaram que tb tinham um nos arredores de Goettingen e até me levaram lá. Que grata surpresa! Achei muito interessante a idéia , e o jardim deles, muito lindo! Cheio de pés de cereja, de mirtilhos, aquela grama verde-tapete cheia de florzinhas, muitas flores desconhecidas prá mim, pérgulas, um oásis! Nossos amigos moravam em apartamento, onde ficava quase impossível se ter e cuidar de um jardim. Mas na Alemanha existem os Kleingartenverein (associação de pequenos jardins), que resumindo, são terrenos arrendados e organizados em associações, que geralmente estão situados na periferia das cidades, perto de estradas de ferro ou nas regiões próximas a aeroportos. Explicado! Isso para os alemães, que são doidos por jardinagem, é a realização de seus anseios. Quem visita a Alemanha logo se certifica disso, vislumbrando os maravilhosos jardins que são cultivados nas casas. Então os Kleingartenverein são um mundo à parte para os que não tem o privilégio de ter casa com quintal. Mas existem filas de espera para se "ter" um e regras, claro, como tudo na Alemanha.
Os terrenos são separados geralmente por cercas vivas, mas arame também vale. As instalações são rústicas. Só é permitido construir uma casa pequena, sem água corrente, apenas para se guardar ferramentas e móveis de jardim, afinal ninguém pode se instalar ali para morar, esse não é o sentido da coisa. (imagina se isso iria funcionar no Brasil...)E normas são feitas para se respeitar na Alemanha, do que cuidam, com muito afinco, os próprios filiados aos clubes. Parte do terreno deve ser usada necessariamente para o plantio de verduras e árvores frutíferas.
Muitos associados confirmam que o jardim ajuda muito a superar o estresse. Na sede da Associação acontecem anualmente festas do tipo das nossas "Stammtich" em Santa Catarina, onde os associados se reúnem para entrega de prêmios, mostar suas plantações, colheitas, melhorias, onde rola música, comida e muita cerveja, enfim, um deleite sem fim.
"Se alguém o enerva, descarrega-se na enxada", "Aqui dá para a gente relaxar sem ter que pegar o automóvel, andar muitos quilômetros e cair em engarrafamentos. É um prazer, é puro relax", relatam.
Show de bola!

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Uma justa homenagem à minha cidade e seu povo guerreiro!

Hey Blumenau - RBS TV & Spry Video from spryvideo on Vimeo.

Deu saudades...quanta história vivida por lá, quantas alegrias e dissabores, descobertas e decepções. O conjunto de tudo isso é vida...

Parabéns ao seu povo guerreiro, que sempre lutou contra as adversidades com coragem e abnegação. Essa cidade linda é fruto do trabalho e disciplina desse povo. Dá saudades...

domingo, 19 de setembro de 2010




Um rico resolve presentear um pobre por seu aniversário e ironicamente
manda preparar uma bandeja cheia de lixo e sujeiras.

Na presença de todos, manda entregar o presente, que é recebido com
alegria pelo aniversariante. O aniversariante gentilmente agradece e pede
que lhe aguarde um instante, pois gostaria de poder retribuir a gentileza.

Joga fora o lixo, lava a bandeja, enche-a de flores, e devolve-a com um cartão,
onde diz: "Cada um dá o que possui."

Assim, não se entristeça com a "ignorância" das pessoas, não perca sua
serenidade. A raiva faz mal à saúde, o rancor estraga o fígado e a mágoa
envenena o coração. Domine suas reações emotivas.

Seja dono de si mesmo. Não jogue lenha no fogo de seu aborrecimento.
Não perca sua calma. Pense, antes de falar, e não ceda à sua impulsividade.

"Guardar ressentimentos é como tomar veneno e esperar que a outra pessoa
morra"

domingo, 15 de agosto de 2010


Relacionamentos - Arnaldo Jabor

Sempre acho que namoro, casamento, romance, tem começo, meio e fim. Como tudo na vida.

Detesto quando escuto aquela conversa: '- Ah, terminei o namoro...
- Nossa, estavam juntos há tanto tempo...
- Cinco anos.... que pena... acabou...
- é... não deu certo...'

Claro que deu!
Deu certo durante cinco anos, só que acabou.

E o bom da vida, é que você pôde ter vários amores.
Não acredito em pessoas que se complementam.
Acredito em pessoas que se somam.
Às vezes você não consegue nem dar cem por cento de você para você mesmo, como cobrar cem por cento do outro?
E não temos essa coisa completa.

Às vezes ela é fiel, mas é devagar na cama.
Às vezes ele é carinhoso, mas não é fiel.
Às vezes ele é atencioso, mas não é trabalhador.
Às vezes ela é muito bonita, mas não é sensível.

Tudo junto, não vamos encontrar.
Perceba qual o aspecto mais importante para você e invista nele.

Pele é um bicho traiçoeiro.
Quando você tem pele com alguém, pode ser o papai com mamãe mais básico que é uma delícia.
E às vezes você tem aquele sexo acrobata, mas que não te impressiona...

Acho que o beijo é importante... e se o beijo bate... se joga... se não bate... mais um Martini, por favor... e vá dar uma volta .

Se ele ou ela não te quer mais, não force a barra.
O outro tem o direito de não te querer.
Não brigue, não ligue, não dê pití.

Se a pessoa tá com dúvidas, problema dela, cabe a você esperar... ou não.
Existe gente que precisa da ausência para querer a presença.

O ser humano não é absoluto.
Ele titubeia, tem dúvidas e medos, mas se a pessoa REALMENTE gostar, ela volta .
Nada de drama.

Que graça tem alguém do seu lado sob pressão?

O legal é alguém que está com você, só por você.
E vice-versa.

Não fique com alguém por pena.
Ou por medo da solidão.

Nascemos sós. Morremos sós.
Nosso pensamento é nosso, não é compartilhado.
E quando você acorda, a primeira impressão é sempre sua, seu olhar, seu pensamento.

Tem gente que pula de um romance para o outro.

Que medo é este de se ver só, na sua própria companhia?

Gostar dói.
Muitas vezes você vai sentir raiva, ciúmes, ódio, frustração... Faz parte.
Você convive com outro ser, um outro mundo, um outro universo.

E nem sempre as coisas são como você gostaria que fosse...
A pior coisa é gente que tem medo de se envolver.

Se alguém vier com este papo, corra, afinal você não é terapeuta.
Se não quer se envolver, namore uma planta. É mais previsível.

Na vida e no amor, não temos garantias.

Nem toda pessoa que te convida para sair é para casar.

Nem todo beijo é para romancear.

E nem todo sexo bom é para descartar... ou se apaixonar... ou se culpar...
Enfim...quem disse que ser adulto é fácil ????

Não é nada fácil !!!

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Os pais envelhecem


Os pais envelhecem (do http://luzdeluma.blogspot.com)

Talvez a mais rica, forte e profunda experiência da caminhada humana seja a de ter um filho.
Plena de emoções, por vezes angustiantes, ser pai ou mãe é provar os limites que constituem o sal e o mel do ato de amar alguém.
Quando nascem, os filhos comovem por sua fragilidade, seus imensos olhos, sua inocência e graça.
Basta vê-los para que o coração se alargue em riso e cor.
Um sorriso é capaz de abrir as portas de um paraíso.
Eles chegam à nossa vida com promessas de amor incondicional.
Dependem de nosso amor, dos cuidados que temos.
E retribuem com gestos que enternecem.
Mas os anos passam e os filhos crescem.
Escolhem seus próprios caminhos, parceiros e profissões.
Trilham novos rumos, afastam-se da matriz.
O tempo se encarrega da formação de novas famílias.
Os netos nascem.
Envelhecemos.
E, então, algo começa a mudar.
Os filhos já não têm pelos pais aquela atitude de antes.
Parece que agora só os ouvem para fazer críticas, reclamar, apontar falhas.
Já não brilha mais nos olhos deles aquela admiração da infância e isso é uma dor imensa para os pais.
Por mais que disfarcem, todo pai e mãe percebem as mínimas faíscas no olho de um filho.
É quando pais, idosos, dizem para si mesmos:
Que fiz eu? Por que o encanto acabou? Por que meu filho já não me tem como seu herói particular?
Apenas passaram-se alguns anos e parece que foram esquecidos os cuidados e a sabedoria que antes era referência para tudo na vida.
Aos poucos, a atitude dos filhos se torna cada vez mas impertinente.
Praticamente não ouvem mais os conselhos.
A cada dia demonstram mais impaciência.
Acham que os pais têm opiniões superadas, antigas.
Pior é quando implicam com as manias, os hábitos antigos, as velhas músicas.
E tentam fazer os velhos pais se adaptarem aos novos tempos, aos novos costumes.
Quanto mais envelhecem os pais, mais os filhos assumem o controle.
Quando eles estão bem idosos, já não decidem o que querem fazer ou o que desejam comer e beber.
Raramente são ouvidos, quando tentam fazer algo diferente.
Passeios, comida, roupas, médicos - tudo passa a ser decidido pelos filhos.
E, no entanto, os pais estão apenas idosos.
Mas continuam em plena posse da mente.
Por que então desrespeitá-los?
Por que tratá-los como se fossem inúteis ou crianças sem discernimento?
Sim, é o que a maioria dos filhos faz.
Dá ordens aos pais, trata-os como se não tivessem opinião ou capacidade de decisão.
E, no entanto, no fundo daqueles olhos cercados de rugas, há tanto amor.
Naquelas mãos trêmulas, há sempre um gesto que abençoa, acaricia.

* * *
A cada dia que nasce, lembre-se, está mais perto o dia da separação.
Um dia, o velho pai já não estará aqui.
O cheiro familiar da mãe estará ausente.
As roupas favoritas para sempre dobradas sobre a cama, os chinelos em um canto qualquer da casa.
Então, valorize o tempo de agora com os pais idosos.
Paciência com eles quando se recusam a tomar os remédios, quando falam interminavelmente sobre doenças, quando se queixam de tudo.
Abrace-os apenas, enxugue suas lágrimas, ouça suas histórias (mesmo que sejam repetidas) e dê-lhes atenção, afeto...
Acredite: dentro daquele velho coração brotarão todas as flores da esperança e da alegria.

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Veneza, prá sempre no meu coração!


Cheguei à Veneza (essa frase infelizmente não consegue transmitir com fidelidade o impacto que é “se chegar em Veneza”) às 6:00 hs de uma manhã muito chuvosa, o que me fez pensar no fracasso da empreitada de 8:00 hs espremida na cabine de um trem italiano, de Munique, na Alemanha direto à Itália, numa noite cheia de percalços.
Saí da estação de Munique às 11:00 hs da noite, já cansada pelo dia inteiro de andanças na terra da Oktoberfest. Foi magnífico, andar sem eira nem beira por uma Munique cheia de atrações, muito tradicionalista e muito cosmopolita... mas estava exausta. Bem, Munique fica para outro post. A missão agora é tentar explicar “o que é se estar em Veneza”.

Viajei toda a noite numa cabine de um trem não muito confortável, e sempre quando achava que estava pronta prá dormir, vinha um maluco abrir a porta da cabine prá procurar lugar vago, ou o cara do ticket para ver a passagem, ou o pessoal da imigração na fronteira querendo ver Passaporte, e tinha um bêbado que não deixava ninguém no vagão dormir. Foi um caos a noite toda. Tentando novamente dormir, com frio, percebi que estávamos atravessando as montanhas, provavelmente os Alpes italianos. Não dormi mais, precisava ver o que se passava pela janela, pena a máquina fotográfica estar na mala, sob a cama, estava muito sonolenta para pegá-la. Daí quando estava quase amanhecendo, um susto. O trem iria se separar do vagão em que dormíamos para seguir para Verona, e isso em minutos. Céus!! Precisava atravessar dezenas de vagões para não desviar do destino!!!Não queria ir para a cidade de Romeu e Julieta! Queria Veneza! Foi um arrumar de mala, vestir roupa, calçar meia, sapato, corrida por entre passageiros e minutos desesperadores! Mas quem entende italiano prá decifrar a mensagem que por certo correu o trem à noite...?? No fim deu tudo certo, cheguei ao vagão certo toda descabelada, arrastando mala, sem lavar o rosto, sem tomar café, com a adrenalina à mil, mas aliviada.
Prá qualquer um que tenha grana para cobrir freqüentemente um passeio à Europa, Veneza é só mais um lugar do roteiro. Prá mim, simples mortal assalariada, que parcelou a passagem em 10 x, levou 2 malas de roupa velha, R$ 800,00 no bolso prá 20 dias de Europa, dar de cara com a ponte Rialto, principal acesso à Veneza para quem chega de trem, foi uma visão do paraíso, de alguém que encontra o nirvana, o prazer absoluto, uma lembrança que me enche os olhos de lágrima ainda hoje, 10 anos depois. Impacto sem igual. Nem sei como cheguei na Rialto, saltei do trem “daquele jeito meio hippie” mas já em estado de graça, apesar do tempo pesadíssimo e prestes a cair um temporal, acho que fui andando em nuvens. Só parei na estação para fazer o câmbio (trocar Marko por Lira), e ir ao banheiro para me “recuperar” da viagem. Coloquei a mochila nas costas com o essencial para aquele dia e tudo o mais desapareceu: turistas, trens, nuvens pesadas, “só” tinha tudo aquilo pela frente, a eterna Veneza!!! Viajante de “1ª vez em Veneza” não sabe que, logo que se sai do trem, já se tem o pé, os olhos e o coração naquela maravilha toda, ninguém te avisa, te prepara o espírito. É na veia mesmo e com Nitroglicerina pura. Nenhum cartaz com os dizeres “Desembarque e deslumbre-se no choque!” Se o coração agüentar, você é duplamente vencedor. Deu prá sentir o baque??
Parei, respirei fundo, me belisquei para “deixar a moeda cair”, sem saber por onde começar a me deslumbrar primeiro. Deu vontade de dar um grito, desses de comercial psicodélico. Eu estava ali, sonhando um sonho de menina, assistindo o ir e vir frenético dos vaporetos em águas muito verdes do Mar Adriático, e pontes, muitas pontes, palacetes, hotéis maravilhosos, charmosas pizzarias ao largo do Grande Canal, gôndolas com condutores em suas indefectíveis camisetas listradas, estreitas ruas perdidas em labirintos, fabriquetas de cristal de Murano, lojas repletas de máscaras para o famoso Carnaval, e história... Quase podia ouvir os doces acordes do violino de Vivaldi, soando por aquelas infinitas ruelas impregnadas de beleza e mansidão. Ele deve ter sido muito feliz morando por aqui, pensava eu. Arrulhos e revoadas de pombos quebravam o silêncio da paz que eu estava sentindo. Estava feliz como nunca fui até então. A sensação do sonho realizado é boa demais, e o meu, pelo visto, era um sonho em grande estilo.Se algum turista fotografou o ponto onde eu estava, por certo saí na foto dele com a boca aberta, com cara de boba-alegre...
A chuva finalmente caiu, pesada com seus prometidos raios e trovões, desesperando turistas e vendedores em suas barracas de lembranças. Eu, que adoro chuva, cheguei ao êxtase. Me abriguei numa lanchonete, pedi uma fatia de pizza, uma água mineral sentei numa mesinha e fiquei ali, calmamente, observando cada detalhe daquela cidade, me convencendo de que não se tratava de nenhum sonho, de que eu estava realmente em Veneza, em uma de suas lanchonetes, saboreando a vista, uma pizza e a chuva caindo sem dó sobre as calçadas daquele lugar ímpar. Tudo absolutamente perfeito!
Quando finalmente a chuva cessou, o sol voltou tímido, aproveitei para andar e andar, agradecendo aos céus por todo aquele presente. Atravessei todas as pontes, conheci a Piazza de San Marco com sua magnífica catedral e seus milhares de pombos, ladeei o "Gran Canal" e seu grande movimento de barcos e vaporetos, visitei uma loja de cristais onde vi lindas peças sendo fabricadas na hora. Passei pela Ponte dos Suspiros e ela ainda é tão linda e intrigante que os suspiros agora são de quem a vê de fora, não mais dos prisioneiros que outrora por ela passavam e suspiravam na sua última visão da cidade. Os mesmos suspiros que eu dou quando a saudade daquele dia me aperta o coração.

terça-feira, 13 de abril de 2010

Conselho não se dá, mas esse aí é 10 !!!!



Viver

Acho a maior graça.
Tomate previne isso, cebola previne aquilo, chocolate faz bem, chocolate faz mal, um cálice diário de vinho não tem problema, qualquer gole de álcool é nocivo, tome água em abundância, mas não exagere...
Diante desta profusão de descobertas, acho mais seguro não mudar de hábitos. Sei direitinho o que faz bem e o que faz mal para minha saúde. Prazer faz muito bem. Dormir me deixa 0 km. Ler um bom livro faz-me sentir novo em folha. Viajar me deixa tenso antes de embarcar, mas depois rejuvenesço uns cinco anos. Viagens aéreas não me incham as pernas; incham-me o cérebro, volto cheio de idéias. Brigar me provoca arritmia cardíaca. Ver pessoas tendo acessos de estupidez me embrulha o estômago. Testemunhar gente jogando lata de cerveja pela janela do carro me faz perder toda a fé no ser humano. E telejornais... os médicos deveriam proibir - como doem!
Caminhar faz bem, dançar faz bem, ficar em silêncio quando uma discussão está pegando fogo, faz muito bem; você exercita o autocontrole e ainda acorda no outro dia sem se sentir arrependido de nada. Acordar de manhã arrependido do que disse ou do que fez ontem à noite é prejudicial à saúde. E passar o resto da vida sem coragem para pedir desculpas, pior ainda. Não pedir perdão pelas nossas mancadas dá câncer, não há tomate ou mussarela que previna.
Ir ao cinema, conseguir um lugar central nas fileiras do fundo, não ter ninguém atrapalhando sua visão, nenhum celular tocando e o filme ser espetacular, uau!
Cinema é melhor pra saúde do que pipoca. Conversa é melhor do que piada. Exercício é melhor do que cirurgia. Humor é melhor do que rancor. Amigos são melhores do que gente influente. Economia é melhor do que dívida. Pergunta é melhor do que dúvida. Sonhar é melhor do que nada.

Luis Fernando Veríssimo
Boa Semana!

domingo, 11 de abril de 2010

Meu amor pela poesia de Neruda


(casa de Neruda em Isla Negra-Chile)
Amo Pablo Neruda. Há muitos anos, quando li seu primeiro verso, me entreguei.
Tudo o que escreveu me toca, me transporta para perto do mar, para dias frios envoltos em neblina da bruma marinha e ao cheiro de sal . A visão do mar de Isla Negra com seus casebres de telhado molhado e redes de pesca penduradas pela janela, se forma em minha mente e o vejo, em passos lentos, talvez com o coração a sangrar, caminhando sobre a escura areia daquela ilha esquecida da costa do Chile, onde o mar cinzento e triste, traz lentamente algas e gaivotas à praia. Longe, consigo ver os barcos dos pescadores sacolejando ao sabor das ondas, amarrados no pier fustigado pelos ventos. Neruda amava aquela ilha. Era seu refúgio, onde se encontrava e se perdia, tomado pelas grandes paixões de sua vida: poesia e solidão. Quem assistiu ao filme "O Carteiro e o Poeta" sabe do que estou falando. Foi, de longe, o filme mais lindo que já vi. Pablo Neruda desperta meu lado melancólico, mas nem por isso menos importante para a formação do meu equilíbrio. É a mistura do mar e o amor na medida exata.

"Não te quero a não ser porque te quero
e de te querer a não te querer chego
e de te esperar quando não te espero
passa meu coração do frio ao fogo.

Só te quero porque é a ti quem quero,
sem fim te odeio, e com ódio te peço,
e a medida do amor meu, viajeiro,
é não te ver e amar-te como um cego.

Talvez consuma a luz de janeiro,
seu raio cruel, meu coração inteiro,
de mim roubando a chave do sossego.

Nessa história só eu morro
e morrerei de amor porque te quero,
porque te quero, amor, a sangue e fogo." (Cien sonetos de amor)

]x[x]x[x]x[x]x[x]x[x]x[x]x[x]x[x]x[x]x[x]x[x]x[x]x[x]x[x]x[x]x[x]x

"Pensei em morrer, senti de perto o frio,
e de quanto vivi só a ti eu deixava:
tua boca era o meu dia e minha noite terrestres
e tua pele a república fundada por teus beijos.

Nesse instante se terminaram os livros,
a amizade, os tesouros sem trégua acumulados,
a casa tranparente que tu e eu construímos:
tudo deixou de ser, menos os teus olhos.

Porque o amor, enquanto a vida nos acossa,
é simplesmente uma onda alta sobre as ondas
mas ai quando a morte nos vem tocar a porta.

só existe teu olhar para tanto vazio,
só a tua claridade para não seguir sendo,
somente o teu amor para encerrar a sombra."(Cien sonetos de amor)
das palavras que não falam simplesmente, que dizem.


O carteiro Mário Ruppolo (Massimo Troisi) com poeta Pablo Neruda (Philippe Noiret) falando de metáforas diante do mar no filme "O carteiro e o poeta".

terça-feira, 6 de abril de 2010

A casa da minha "Ôma"- 12 - fim


Hoje, a velha casa não existe mais. A falta do espírito preservador dos meus primos a desmontou e transformou em casa de defumar bacon!!!.... Minha tia e ôma também já nos deixaram. No lugar da casa, hoje está uma casa de madeira sem pintura, cheia de crianças loiras, primos distantes que provavelmente ainda brincam nos pastos onde outrora brincava de “revoar sobre as colinas”, embora acredite, o riacho não tenha mais a mesma pureza. A propriedade continua a mesma, estive por lá há alguns anos, mas a luz elétrica chegou. Provavelmente existam geladeiras, TVs, freezers para preservar as carnes do gado e aves abatidos bem como todos os confortos que o progresso traz. Mas, bem sei que, o que o progresso traz em conforto, leva em magia e inocência.

Oxalá um dia volte a rever o sítio dos Bublitz, e leve minha filha prá correr e “revoar” livremente naquelas colinas, descalça, naqueles pastos sem fim, para subir em árvores, correr atrás dos patos e galinhas, tomar banho no riacho, comer tangerinas até se fartar, envolvida no verde que ainda toma conta do lugar. E se fizer alguma travessura, sei que meu tio Rainold, de onde estiver, vai se lembrar de mim e dar boas gargalhadas.

A casa da minha "Ôma" - 11 - Páscoa


Não lembro de ter passado algum Natal por lá, mas as Páscoas daquele tempo merecem um capítulo especial.
Meses antes, minha querida tia Laura, que era deficiente vocal, confirmava com a minha mãe, do jeito dela, sobre o dia em que chegaríamos para a Páscoa. Elas eram irmãs gêmeas e se entendiam bem. Era o que bastava para ela começar a recolher ovos de ganso para colocar nos ninhos prá mim. Eram ovos grandões, lindos, que ela esvaziava, provavelmente para alguma omelete. Com todo o cuidado, fazia um furinho na extremidade, lavava e secava, depois pintava com tinta extraída de papel crepom colorido. Aí, colocava minúsculas balinhas coloridas ou amendoim açucarado como recheio, fechava com papel de seda e ficava nos esperando, impaciente. Minha mãe aproveitava e levava alguns chocolates no formato de coelho, tudo muito bem escondido de mim, afinal, a festa do coelho era coisa para criança curtir na fantasia mesmo.
Na véspera da Páscoa chegávamos à Raphael. Meu tio Ingo sempre vinha nos encontrar no outro lado do rio, onde tínhamos que atravessar sobre um tronco de árvore, achatado de propósito, para as pessoas andarem sobre ele. Eu morria de medo pois o rio tinha as águas geladas, muitas pedras e a água corria velozmente sob nossos pés, mas, meu tio sempre me levava no colo até a outra margem. Minha mãe vinha logo em seguida. Atravessávamos um caminho por entre um milharal, subíamos uma suave ladeira por entre muitas árvores bem ao lado da casa da ôma e lá estava ela: tia Laura, varrendo o quintal de chão batido, não deixando uma folhinha, um cisco sequer no chão que no fim, mais parecia um piso de assoalho encerado, de tão limpo. Ela sentia um prazer especial naquilo, o fazia como ritual. Penso que era para celebrar a alegria do nosso reencontro, a festa da Páscoa, o espírito da inocência. Assim que nos avistava, largava tudo, secava as mãos no avental e saía correndo ao nosso encontro para ajudar-nos com as bolsas e sacolas, na maior alegria.
Depois dos abraços, adentrávamos a casa, fresquinha de brisa, com o som do tique-taque do relógio, o fogão à lenha fumegante, com sua panela de ferro cheinha de frango borbulhando no molho, e mais batatas doces e arroz. Almoçávamos e como sempre, tinha o papo dos adultos para pôr em dia. Eu deitava num tapete de pele de carneiro, no chão ao lado delas e pegava no sono ali mesmo, embalada pelo mesmo tique-taque daquele relógio antigão, do ranger das dobradiças das janelas e pelas conversas intermináveis. Acordava com minha mãe passando pano no chão, fazendo a limpeza para a Páscoa. À tarde, minha tia Laura arrumava a palha para os ninhos onde o “coelho” poria os ovos e chocolates. Tudo era festa e magia, inteiramente patrocinada pela tia Laura.
Na manhã da Páscoa eu percebia que ela ficava de longe, prá lá e prá cá, só esperando que eu acordasse, mais ansiosa que eu. Como era um tempo bem frio, eu gostava de ficar mais tempo sob aquela coberta de penas gostosa. Mas, ante a ansiedade dela, levantava, sem entender direito o que estava acontecendo. Era quando eu vislumbrava ninhos e mais ninhos de palha pela casa toda e pelo quintal limpo, repletos de ovos coloridos e chocolates. Era a visão do paraíso! Era uma felicidade só!! Minha e da minha tia, me vendo feliz. O coelho não havia se esquecido de mim!!! Ela era tão pura e inocente como uma criança, e a minha alegria era a dela. Esperava-me com uma cestinha na mão, feita de papelão e toda forrada de papel crepom para que eu colocasse os ovos nela o cada ninho encontrado. E eu fazia esse trabalho de pronto, afinal, procurar ninhos com ovos pela casa era uma diversão e tanto. Foram Páscoas inesquecíveis e felizes. Numa dessas ocasiões, ela colocou num dos ninhos, uma galinha de brinquedo, que soltava ovinhos de plástico branco quando a apertávamos. Foi o êxtase!!! Nunca vou esquecer disso. Os únicos brinquedos que eu tinha na vida até ali eram duas bonecas velhas, e receber aquela galinha amarela soltando ovos foi o máximo!!!Era essa...

A casa da minha "Ôma" - 10 - Travessuras


Lembro da minha maior travessura daqueles tempos. A vítima, novamente, foi meu tio Rainold, ou melhor, no final fui eu...
Meu tio cuidava com esmero especial de uma parreira de uvas no seu quintal. Era uma parreira espetacular, com lindos cachos de uvas verdes pendurados, quase uma pintura, um quadro de natureza-morta. Um dia, não sei por que cargas d´água, eu e minha amiga Magrit Braatz resolvemos cortar todos os cachos de uvas dessa parreira, e, escondidas na roça da ôma, ficamos comendo as uvas verdes, bem longe de todos. O detalhe é que as uvas ainda estavam muito verdes, mas comemos alguns cachos mesmo assim. O resto jogamos fora, pois era muita coisa para comer e estavam muito azedas. Quando voltamos, a confusão já estava armada no sítio. Meu tio colerizado, minha mãe e a ôma tentando acalmá-lo, e todos tentando descobrir o malfeitor, o mentor dessa façanha. Minha mãe me interpelou e eu neguei veementemente, por medo. Ela também achou que não tinha sido eu, pois nunca fora de mentir nem de fazer tamanha travessura. Então, estava acima de qualquer suspeita. Mas eis que a noite chegou, com suas estrelas, grilos e vaga-lumes. E eu, muito enjoada, nauseada. Ninguém entendia esse mal-estar (devia ser a consciência pesada). Foi quando minha ôma me colocou na cama e eu não agüentando mais, vomitei. E lá estavam as uvas do meu tio, verdinhas, quase inteiras, no chão do quarto, no meio do vômito. Morri de vergonha perante minha mãe e minha ôma. Tive que confessar à elas o delito e pedir perdão ao meu tio. Ele ficou de mal comigo um tempo, mas depois ele teve que passar outro sufoco comigo. Coitado... Foi no dia em que a máquina de cortar trato virou sobre mim. Todos estavam naquela conversa de fim de tarde de sempre, jantando, mas eu, afoita por ajudar meu tio que não estava no estábulo, fui cortar o trato sozinha para fazer uma surpresa à ele quando chegasse. Não deu outra, no entusiasmo de virar aquela roda imensa, veio tudo por cima de mim. A máquina era grande, mas por sorte, era mecânica, movida manualmente. Foi aquela gritaria, minha e de todo mundo. Mais uma travessura homérica.
Teve o dia em que eu e, novamente minha amiga Magrit, resolvemos capturar todos os sapos do mundo num saco (prá que isso??). Por todos os lados havia sapos-boi dormindo em algum canto. Nos estábulos, sob a casa, entre folhagens, troncos ocos, no pasto, no rancho. Acho que capturamos uns 30 sapos no saco, naquele dia. Consigo sentir hoje, a euforia de pegar cada sapo, era uma gritaria só, mas...muito divertido!!... E como não estávamos satisfeitas apenas em capturá-los, resolvemos soltá-los todos no meio da parentada reunida. Era gente pulando prá todo lado e nós, certamente, levamos aquela “sapecada” de nossas mães. Depois dessa, sosseguei, para alívio do meu tio e de todos.

A casa da minha "Ôma" - 9 - colheitas


Muito se trabalhava nessas terras. O tamanho delas denotava o trabalho que davam. Minha ôma capinava horta, juntava e carregava nas costas fardos e mais fardos de trato para as duas vaquinhas dela, bem longe da casa, na roça. Costumava acompanhá-la por esses caminhos até a roça, era uma picada estreita, ladeada de capim e florzinhas lilases e que ao final tinha uma imensa goiabeira onde gostava de subir e olhar o trabalho da ôma, a cortar mato e formar fardos. Ela costumava fazer um fardo pequeno prá eu carregar, como ela. Sentia-me útil e importante assim. Meus tios tinham muito mais gado prá cuidar, umas oito cabeças de gado e alguns cavalos e grandes plantações às quais eram aradas a cada semeadura, e colhidas em grandes mutirões. Muitas vezes, por diversão infantil, ajudava nessas colheitas. O que mais gostava era de fazer parar os cavalos no meio do serviço de arado. Era só gritar “ÔP!!” que eles paravam automaticamente, era o êxtase!! Meu tio Rainold é que ficava uma fera comigo, pois atrapalhava o andamento dos trabalhos. Aí, lá pelas 9:00 hs da manhã comíamos o Früeschtück (lanche), sob a sombra de pés de tangerina ou das pereiras, em silêncio, admirando toda aquela beleza de terras, agradecendo à Deus pela fartura com simplicidade que abundava naquele lugar.

A casa da minha "Ôma" - 8 - + brincadeiras



Mais Brincadeiras

Adorava correr nos pastos que rodeavam a propriedade toda, eram terras à perder de vista, colinas sem fim, serras e montanhas, todas terras do meu ôpa Bublitz. Hoje devem estar passando de geração em geração e divididas em milhares de pedaços. Havia muitos pés de tangerinas nesses pastos, e eu, vencendo o medo que tinha (ainda tenho)
dos touros que andavam soltos, pulava as certas e colhia todas as tangerinas que podia. Eram tantas que nem dava trabalho de colher, pendiam no pé com o peso dos cachos.
Gostava muito também de ficar vendo o preparo dos doces de frutas, no galpão em frente à casa. Geralmente eram de tangerina ou laranja, que abundavam no sítio. Eram colhidas as frutas, descascadas, tiradas as sementes e as pelinhas e jogadas num tacho de cobre imenso, misturadas com garapa. A extração da garapa também era feita ali. Pesadas rodas e engrenagens no meio do galpão eram giradas, impulsionadas por duas rezes ou dois cavalos, que andavam em círculo o tempo todo, atados à estribos, para moer a cana que meus tios colocavam entre as rodas. Então, atraídas pelo aroma doce que enchia o ar, apareciam as temidas abelhas. Ah, quanto ferrão levei. O galpão ficava apinhado delas nessa época, todas doidas pelos doces. E só nos picavam se tentássemos nos livrar delas, enxotando ou batendo nelas.
Daí alguém, sempre revesando, ficava mexendo com uma colher de cobre com cabo muito comprido, por dias à fio, até a fruta virar doce. Nem à noite o processo acabava.
Depois, era só saborear com queijo branco e pão de milho, huuummmm...
Era óbvio que levávamos algumas latas para Blumenau, quando íamos embora. Aliás, minha ôma sempre nos enchia de coisas do sítio: voltávamos pra casa com sacolas e mais sacolas pesadas cheias de: ovos embalados um a um em folha seca de milho, doces, queijo, manteiga, frutas, pão de milho, nata, e às vezes até galinhas! Era muito bom, pois a sensação de se estar na casa da ôma permanecia por dias e dias e assim, não sentíamos tantas saudades.

A casa da minha "Ôma" - 7 - delícias de leite


Minha ôma tinha duas vacas no seu pequeno estábulo: a Rose e a Bonita. Rose era uma holandesa marrom clara, e a Bonita era mesclada de branco e preto, acho que também era holandesa. Muito dóceis as duas, davam muitos litros de leite, de manhã e à noite. Minha ôma as ordenhava pacientemente, e fazia muitos produtos com esse leite: coalhada, nata, queijo branco (ricota), queijo colonial (amarelo e consistente, o nosso queijo-prato, mas sem aditivos), koch-keese (queijo frito, delicioso), e o leite em si, que era usado para fazer manteiga, pudins, bolos, pães-doces e um monte de coisa boa. Coisa que gostava muito de comer eram as “sopas de frutas” que minha ôma fazia. Eram de carambola, ameixas, nêsperas, as frutas da época cozidas com açúcar cristal e pau de canela ou cravo, e acompanhadas de pudim caseiro, feito com leite fresco, muuuito bom!!!
Na cozinha, como não podia deixar de ser, tinha um fogão à lenha, feito pelo meu “ôpa”, onde sobre sua chapa de ferro saíam maravilhosos almoços, feitos em panela de ferro. Lembro que a panela de ferro da ôma tinha 3 pezinhos, nunca mais vistos em panelas de ferro atuais.

A casa da minha Ôma - 6 - visitações



Costumávamos jantar nessas visitas que fazíamos aos tios. Grossas fatias de pão de milho com muita nata e queijo branco recém amassado e melaço, hummmm, eu adorava. Detestava, na época, pão com salgado. Minha mãe comia com lingüiça feita ali no sítio, fresquinha, cheirosa e com muito alho, e queijo colonial. Sempre tinha aipim frito com bacon defumado no fogão à lenha, galinha ensopada que era sobra do almoço; tudo criado ou feito por eles. As únicas coisas que eram compradas: o açúcar (cristal), a farinha de trigo e o café. Tudo o que ia à mesa, era produzido ali: verduras, legumes, grãos, carne, frango, ovos, bacon, leite, queijos, frutas, doces, pães, etc. Tudo deliciosamente diferente, carne sem hormônio e verduras e legumes sem gosto de agrotóxico.
Depois íamos para a varanda, sentávamos em bancos de madeira, meu tio numa cadeira de balanço, e as estórias rolavam noite adentro. Eu, claro, não queria saber de conversa, ficava 5 minutos ouvindo o papo dos adultos e já queria brincar com meus primos Ingo e Arnoldo e minha prima Erna. Eles tinham alguns pássaros nas gaiolas e deixavam-me alimentá-los. Contávamos nossas histórias de crianças, eles querendo saber como eram as coisas na cidade, eu querendo saber como faríamos para tomar banho no riacho no dia seguinte, e por aí ia a conversa, até o sono nos vencer. Tempos impagáveis esses....

A casa da minha Ôma -5 - A Simplicidade da vida no Campo



O Campo e sua simplicidade

A simplicidade do campo se reflete em inocência, na valorização das pequenas coisas, em beleza. E a casa de minha ôma, com seu sítio em volta, tinha tudo a ver com isso.
Não havia ainda a energia elétrica, ela ainda não havia chegado até aqueles cantos, e esse detalhe fazia toda a diferença. Fazíamos a refeição noturna à luz de lampião, eu e minha mãe de um lado da mesa, minha ôma e minha tia Laura do outro, e essa penumbra, somada às conversas intermináveis delas me faziam ficar com sono. Daí minha ôma me levava prá cama mais fofa do mundo, nos fundos daquela casa aconchegante, com o lampião nas mãos. Era mágico o efeito daquela luz tênue abrindo espaço pelas paredes daquela sala imensa mergulhada na escuridão. Eu brincava com as sombras, com os ecos dos nossos passos, ouvindo os grilos fazendo festa nos laranjais. Minha ôma me colocava na cama, me fazia rezar o pai-nosso em alemão (na época eu sabia...), me cobria com uma coberta de penas, e voltava prá conversa ao pé da mesa com minha mãe. A mesma luz que há pouco encheu a sala de sombras e fantasia, voltava a desaparecer, passo por passo, lentamente, pelas paredes, atrás das costas encurvadas e cansadas de minha ôma. E eu adormecia, embalada pelas vozes distantes das três e pelo vento uivando ao redor das paredes.
Esse mesmo lampião amigo nos acompanhava muitas vezes pelo caminho na escuridão da noite, que ia dar na casa de meus tios, logo em frente. Eu adorava ir visitá-los, tateando pelo caminho ante a falta de luz, extasiada pela visão de tantos vaga-lumes. A luz produzida pelo lampião era muito pouca. E por isso dava prá ver o céu mais estrelado que já vira na vida, principalmente no inverno, quando o frio deixava o ar mais límpido ainda. Os cachorros vinham nos saudar, depois de ladrarem um pouco, ante a visão de quatro vultos se aproximando no breu das noites sem lua. Lembro apenas dos nomes: Mópi e Rex.
E a noite transcorria entre conversas “à pôr em dia” com meus tios e as minhas brincadeiras nos estábulos, onde meu tio dava comida ao gado. Adorava os bezerros, ficava afagando-lhes o crânio forte e peludo. Às vezes, ajudava meu tio à cortar o capim, na máquina corta-trato, ou debulhar milho, também numa maquininha de ferro. Nunca entendi como aquilo debulhava tão bem. O milho era para dar às galinhas, espetáculo que eu não perdia por nada, nos fins de tarde ou início de noite. Meu tio tinha um chamado próprio para as bichinhas, e o pátio antes vazio, se enchia com revoadas de galinhas, galos, frangos, pintos, patos, marrecos, gansos, todos afoitos pelo jantar recém debulhado. Era muito divertido.

sábado, 25 de dezembro de 2010

Linda mensagem, Gilsomar!


Hoje eu iria procurar um texto sobre o NATAL e o seu significado para enviar aos meus amigos(as). Mas, pensando no NATAL, qual é verdadeiramente o seu significado? o que se esconde por tráz dele?
Penso que o AMOR! mas não o AMOR que pensamos conhecer e sim o sublime e verdadeiro AMOR! Tão intenso que somente o altíssimo pode nos mostrar o seu real siginificado. O AMOR para mim e pra voce não é o mesmo AMOR que DEUS nos presenteou quando enviou seu filho JESUS para a remissão de nossos pecados! O AMOR que um homem sente por uma mulher ou uma mulher por um homem, o amor de uma mãe ou pai por seu filho (a), o amor de um filho (a) por seus pais, o amor por
um (a) amigo (a) ou mesmo por um estranho. Este AMOR ainda está muito longe do AMOR de DEUS. Portanto nesta semana de NATAL, em que a familia toda se reune para a ceia e louvar à Cristo, quero desejar a todos, amigos ou não, que possamos ter em nosso corações o verdadeiro AMOR de DEUS! que finalmente possamos pensar e rtefletir sobre o nosso mundo de hoje, tão longe e distante dos propósitos de DEUS. Vamos refletir por ums minutos e juntos começar a elevar o pensamento em DEUS. Na
passagem de 24 para 25, faça um minuto de Oração em AMOR a todos os seres humanos, merecedores ou não de nosso AMOR, nós fomos merecedores do AMOR de DEUS, lembremos dele nesta data e vamos devolver em dobro o AMOR que ele nos deu.

FELIZ NATAL! ao Senhor meu PAI, ao seu filho Jesus e a tods os seres humanos, com muito AMOR!
(esta mensagem foi feita por meu marido, Gilsomar N. Lopes, achei por bem publicar)

sábado, 4 de dezembro de 2010

domingo, 28 de novembro de 2010

Artesanato; MOSAICO NA TELHA

Adoro trabalhos em telha e mosaicos. Esse vídeo incorporou as duas técnicas e ficou lindo!


(execução: Iara Capraro)

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Hora da culinária: Massa de torta perfeita

<a href="http://video.br.msn.com/?mkt=pt-br&amp;vid=ebf86dfe-1565-9632-ed8e-fa2f90d03af0&amp;from=pt-br&amp;fg=dest" target="_new" title="A Massa de Torta Perfeita">Vídeo: A Massa de Torta Perfeita</a>

domingo, 14 de novembro de 2010

Crônica de Miguel Fallabela - Nuvens do Profeta Gentileza

Profeta Gentileza

Eu vinha dirigindo pela enseada de Botafogo, o dia tinha nascido sobre o desfile da Beija-Flor e a manhã soprou uma brisa fresca, antes de o Sol inundar tudo. Mas lá vinha eu, cansado, de janela aberta, sorvendo o ar da minha cidade, feliz da vida, quando apertei a tecla errada no aparelho de som e, ao invés de entrar o samba da Grande Rio, Ella Fitzgerald surgiu cantando Cole Porter, com aquela doçura e categoria de sempre. Imediatamente, o mundo mudou lá fora, minha cabeça deu uma guinada violenta e o olhar foi redirecionado. Ela mal começou a cantar e o olhar foi redirecionado. Música faz isso com a gente, às vezes.

Música nos atira para o ar de repente, sem aviso. É isso. Rouba o chão e estende um tapete de nuvens no lugar. Ella Fitzgerald fez isso, esta manhã, quando eu dirigia pela enseada de Botafogo, achando linda a minha cidade, imaginando o que será dela num futuro que eu não verei. Um futuro distante, quando arqueólogos importantes recuperarão parte dos grandes blocos de concreto com as inscrições do profeta Gentileza, aquelas mesmas que me acostumei a ler e reler nas idas e vindas da Ilha. A beleza gráfica das letras e a composição de suas profecias, de suas palavras de amor. E simplesmente apagaram tudo. Não tiveram sequer o bom senso de perguntar a nós, moradores da cidade, para quem as palavras eram dirigidas. Junto com as palavras de Gentileza, afogados na tinta do poder, vão-se pedaços das minhas viagens e dos meus sonhos, sacolejando nos ônibus, o olhar perdido na feia paisagem da Avenida Brasil, os olhos adolescentes projetando seus sonhos no comprido muro do cemitério do Caju. Tudo apagado. Por um tempo, talvez. Quem sabe, por esses misteriosos descaminhos, aquelas não sejam tábuas de uma grande religião do futuro, preservadas sob a tinta que um dia quis destruí-las. Sei lá, pode ser que aconteça. E pode ser também que tudo desapareça num tapete de nuvens. Mas prefiro acreditar nos mistérios que a vida volta e meia oferece.

Enfim, lembrei da obra de Gentileza e do belo enredo de Joãosinho Trinta e fui colocar o samba da escola para sacudir a manhã, quando deu-se a melódia. Ella começou a cantar e meu corpo cansado parou, enquanto a alma, cheia das alegrias da noite de batuque, virou de cabeça para baixo e, de repente, eu voando nos ares da harmonia, imaginei que nossas existências são desfiles, com grandes carros alegóricos, um para cada evento importante do nosso enredo. E o dia foi passando com mais vagar pela janela, até a brisa segurou a respiração para que alguns dos carros mais delicados passassem pela avenida à beira mar. Congelou-se a imagem daquele momento, a fotografia para sempre guardada nos anais do tempo.

E, na cabeça, eu ia repassando algumas das mensagens que recebi por causa da tal revisita a um dia escolhido, que eu propus na última crônica. Como de hábito, meus leitores se inspiraram e eu tenho recebido poesia de toda parte, pedaços de lembrança, retalhos de vidas, que de alguma forma tento costurar para dar sentido à minha. O nosso patchwork particular. As lembranças de vocês iam se desenrolando na minha cabeça, um grande desfile, carros passando em câmera lenta, Ella cantando ao fundo e o Rio de Janeiro abrindo as cortinas do dia e deixando o sol entrar. Foi assim, esta manhã.

Dormi quase o dia inteiro, um sono picado, besta, de quem parece que tem medo de sonhar. Acordando toda hora, achando que ainda não tinha descansado o bastante, e volta e meia lembrando de um relato, de uma lembrança de alguém, que de longe me ajuda, agora, a escrever esta crônica. Não consegui dormir direito, no final das contas, enquanto o dia corria célere lá fora, ao encontro das luzes do segundo dia. Fiquei zanzando pela casa vazia e acabei sentado no computador, recebendo novas mensagens, mais corações rebentando em flor e gente que fala bonito e pensa bonito e eu vou lendo como quem se ilustra. Acabei marcando todas as mensagens que vocês me enviaram e quero ver se consigo realmente fazer uma crônica que seja uma colcha dos retalhos de todos os nossos corações urbanos (ou, pelo menos, os desses encontros às quintas-feiras). Não sei ainda de que jeito, mas uma hora, assim como quem não quer nada, eu me inspiro.

E, já que todos confessaram tão despudoramente suas preferências, sinto-me na obrigação de compartilhar igualmente meus segredos, de modo que, muito aqui entre nós, se me dado fosse este direito, o dia que revisitaria seria aquele mais comum, um dia de semana qualquer. Nada especial. Apenas um brilho verde nos olhos, um meio sorriso no canto da boca e uma promessa de amor no ar. Esse dia seria o revisitado.

Se me dado fosse esse direito.

Quem foi o "Profeta Gentileza" ?


Sua infância

Com mais nove irmãos, José Datrino teve uma infância de muito trabalho, onde lidava diretamente com a terra e com os animais. Para ajudar a família, puxava carroça vendendo lenha nas proximidades. Desde cedo aprendeu a amar, respeitar e agradecer à natureza pela sua infinita bondade. O campo ensinou a José Datrino a amansar burros para o transporte de carga. Tempos depois, como profeta Gentileza, se dizia “amansador dos burros homens da cidade que não tinham esclarecimento”. Desde sua infância José Datrino era possuidor de um comportamento atípico. Por volta dos doze anos de idade, passou a ter premonições sobre sua missão na terra, onde acreditava que um dia, depois de constituir família, filhos e bens, deixaria tudo em prol de sua missão. Este comportamento causou preocupação em seus pais, que chegaram a suspeitar que o filho sofria de algum tipo de loucura, chegando a buscar ajuda em curandeiros espíritas.

No Rio de Janeiro

Aos vinte anos foi para o estado do Rio de Janeiro, enquanto sua família mudava-se para Mirandópolis, também cidade do interior de São Paulo. No Rio de Janeiro, casou com Emi Câmara com quem teve cinco filhos. Começou sua vida de empresário com um pequeno empreendimento na área de transportes, onde fazia fretes para o sustento da família. Aos poucos, o negócio foi crescendo até se tornar uma transportadora de cargas sediada no centro da cidade.

Surge o Profeta Gentileza

No dia 17 de dezembro de 1961, na cidade de Niterói, quando tinha 44 anos, houve um grande incêndio no circo “Gran Circus Norte-Americano“, o que foi considerado uma das maiores tragédias circenses do mundo. Neste incêndio morreram mais de 500 pessoas, a maioria, crianças. Na antevéspera do natal, seis dias após o acontecimento, José acordou alucinado ouvindo “vozes astrais“, segundo suas próprias palavras, que o mandavam abandonar o mundo material e se dedicar apenas ao mundo espiritual. O Profeta pegou um de seus caminhões e foi para o local do incêndio. Plantou jardim e horta sobre as cinzas do circo em Niterói, local que um dia foi palco de tantas alegrias, mas também de muita tristeza. Aquela foi sua morada por quatro longos anos. Lá, José Datrino incutiu nas pessoas o real sentido das palavras “Agradecido” e “Gentileza”. Foi um consolador voluntário, que confortou os familiares das vítimas da tragédia com suas palavras de bondade. Daquele dia em diante, passou a se chamar “José Agradecido“, ou simplesmente “Profeta Gentileza”.

Após deixar o local que foi denominado “Paraíso Gentileza”, o profeta Gentileza começou a sua jornada como personagem andarilho. A partir de 1970 percorreu toda a cidade. Era visto em ruas, praças, nas barcas da travessia entre as cidades do Rio de Janeiro e Niterói, em trens e ônibus, fazendo sua pregação e levando palavras de amor, bondade e respeito pelo próximo e pela natureza a todos que cruzassem seu caminho. Aos que o chamavam de louco, ele respondia: – “Sou maluco para te amar e louco para te salvar“.

Os murais

A partir de 1980, escolheu 56 pilastras do Viaduto do Caju que vai do Cemitério do Caju até a Rodoviária Novo Rio, numa extensão de aproximadamente 1,5km. Ele encheu as pilastras do viaduto com inscrições em verde-amarelo propondo sua crítica do mundo e sua alternativa ao mal-estar da civilização. Durante a Eco-92, o Profeta Gentileza colocava-se estrategicamente no lugar por onde passavam os representantes dos povos e incitava-os a viverem a Gentileza e a aplicarem Gentileza em toda a Terra.

Citação: “Gentileza Gera Gentileza”.

Após sua morte

Em 29 de maio de 1996, aos 79 anos, faleceu na cidade de seus familiares, onde se encontra enterrado, no “Cemitério Saudades”.

Com o decorrer dos anos, os murais foram danificados por pichadores, sofreram vandalismo, e mais tarde cobertos com tinta de cor cinza. Com ajuda da prefeitura da cidade do Rio de Janeiro, foi organizado o projeto Rio com Gentileza, que teve como objetivo restaurar os murais das pilastras. Começaram a ser recuperadas em janeiro de 1999. Em maio de 2000, a restauração das inscrições foi concluída e o patrimônio urbano carioca foi preservado.

No final do ano 2000 foi publicado pela EdUFF (Editora da Universidade Federal Fluminense) o livro Brasil: Tempo de Gentileza, do professor Leonardo Guelman. A obra introduz o leitor no “universo” do profeta Gentileza através de sua trajetória, da estilização de seus objetos, de sua caligrafia singular e de todos os 56 painéis criados por ele, além de trazer fatos relacionados ao projeto Rio com Gentileza e descrever as etapas do processo de restauração dos escritos. O livro é ricamente ilustrado com inúmeras fotografias, principalmente do profeta e de seus penduricalhos e painéis. Além de fotos do próprio profeta Gentileza trabalhando junto a algumas pilastras, existem imagens dos escritos antes, durante e após o processo de restauração.

jose-08.jpg

terça-feira, 12 de outubro de 2010

POR QUE NÃO UMA RECEITA? (2)




Esse bolo de queijo, que achei no blog "Pitadinhas" se parece muito com o que minha mãe fazia, era referência nas festas de aniversário da gente, todo mundo ia prá comer o bolo de queijo da Cecília... Lá vai:

Massa
400g farinha de trigo
100g margarina
– usei no total 200g manteiga
100g gordura vegetal
2 ovos inteiros
½ colher (café) sal
4 colheres (sopa) açúcar

Gema para pincelar
- não pincelei desta vez

Com duas facas, misture as gorduras ou manteiga com a farinha, até obter uma farofa, junte os demais ingredientes, forme uma bola e deixe descansar por 30 minutos – se estiver muito quente, leve à geladeira.
Pré-aqueça o forno a 180ºC.
Escolha uma forma redonda, 28-30cm de diâmetro, que abra nas laterais e unte-a com manteiga.
Abra a massa com um rolo. Com ¾ da massa, forre a forma, coloque o recheio, leve ao forno por 30 minutos, retire do forno, retire a parte lateral da forma, pincele com clara de ovo sem bater, e cubra com aspirais (com a parte restante da massa
- que não fiz) de massa.
Pincele toda a torta com gema e leve ao forno por mais 30 minutos.
Retire do forno, e peneire açúcar de confeiteiro.
Sirva gelada.

Recheio
Creme de baunilha
450 ml leite
2 colheres (sopa) açúcar
2 colheres (sopa) farinha de trigo
2 gemas
1 colher café baunilha

1 ricota, passada pela peneira
- usei uma de 600g
2 gemas
¼ xícara (chá) leite (50ml)
2 colheres (sopa) farinha de trigo
1 xícara (chá) açúcar
1 xícara (chá) uvas passas sem caroços, passadas por água fervente
2 claras em neve

Faça o creme de baunilha:
Numa panela média, coloque 300ml de leite e o açúcar e leve ao fogo para ferver. Enquanto isso, dissolva a farinha e as gemas nos 150ml de leite restante; quando o leite ferver, junte um pouco no leite frio, misture, mais um pouco do quente no frio, misture, e volte tudo ao fogo, mexendo sempre até ferver, por 3 minutos.
Apague o fogo, junte a baunilha, mexa bem, transfira para um refratário, cubra com filme plástico rente ao creme e deixe esfriar.
Quando o creme estiver frio, junte aos demais ingredientes do recheio e aplique.



1 ANO DO BLOG!!! ... DIA DAS CRIANÇAS


HOJE É NIVER DO BLOG. QUER DATA MAIS FESTIVA QUE O DIA DAS CRIANÇAS??
ENTÃO, À TODAS AS CRIANÇAS (INCLUSIVE EU) E AO BLOG, MUITA ENERGIA,
ALEGRIA, DIVERSÃO, AMIZADES!!!!

sábado, 25 de setembro de 2010

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

STAMMTISCH - Acho que ando meio nostálgica...





O termo stammtisch é formado da junção das palavras stamm, que significa tronco e tisch, que significa mesa. Ou seja, numa tradução fiel "mesa de tronco". O dicionário Michaelis (alemão/ português), acrescenta dois outros aspectos que procuram explicar o significado do termo: "Stammtisch, mesa cativa de grupo de frequentadores". Desta forma, define um local pré-determinado (mesa cativa) e incorpora, a este local, a presença de um grupo de frequentadores habituais.
Entretanto, além dos aspectos pré-determinantes que envolvem o sentido do termo, para entendê-lo é preciso trazer à luz o espírito reinante neste ambiente. Não é outra a intenção demonstrada numa jocosa definição contida em uma placa pirografada afixada num espaço existente para a reunião destes grupos na Cervejaria Hofbräuhaus, em Munique. A este respeito, por ocasião da comemoração dos 400 anos desta cervejaria, em 1989, o apresentador do programa especial rodado pela TV alemã ZDF assim traduziu a salada de letras contida nesta placa: "Stammtisch é: Um determinado local, uma determinada mesa, num determinado canto, onde em determinados dias, umas determinadas pessoas, num determinado horário, tomam assento em determinadas cadeiras. Ali, com uma determinada quantidade de uma determinada bebida, falam sobre alguns determinados temas, e então numa determinada hora, com um determinado porre, determinam ir para casa onde uma determinada pessoa espera, com certeza, com um determinado protesto". E conclui o apresentador da ZDF: "Isto está determinadamente certo". Uma versão mais romântica do que significa stammtisch, passada geração após geração pela tradição oral, conta que o termo começou a ser usado na Idade Média. Os lenhadores bávaros, ao cortar a primeira árvore de uma nova área de extração de madeiras, faziam-no à altura de uma mesa e, de seus galhos mais grossos, cortavam toletes que lhes serviriam de bancos. Era ao redor desta mesa improvisada que faziam suas refeições e, ao final do trabalho diário, ali se reuniam para bater papo, planejar o dia seguinte e bebericar do vinho que traziam em seus alforjes. O seu tronco comum (stamm), era a sua própria profissão ou atividade (lenhadores) e o espírito reinante ao final de cada jornada de trabalho, ao redor daquela improvisada mesa (tisch), forjada no tronco da árvore, não era outro que relaxar, jogar conversas ao léu, cultivar a amizade, celebrar a vida. Segundo esta versão, o hábito daqueles lenhadores ganhou as tabernas, nas cidades, e nestes ambientes, teria se perpetuado o nome stammtisch para todos aqueles que, habitualmente, as freqüentavam e costumavam, na companhia de amigos, sentar-se numa mesma mesa previamente reservada ou que lhes era cativa. Mais tarde, o nome acabou identificando aqueles que, além da amizade, detinham outros aspectos comuns, o mesmo local de trabalho, uma determinada atividade cultural, social ou política, etecetera (mesmo tronco, mesmas raízes), que justificasse o fato de se encontrarem, ao redor de uma mesma mesa, uma mesa cativa. Foi ali, no ambiente das tabernas que os grupos se deixaram envolver por outra bebida além do vinho, a cerveja, na maioria dos casos, como ainda hoje, era produzida nestes próprios estabelecimentos ou na cidade aonde se localizavam. Certa, errada ou meramente especulativa, esta versão é a que, sem sombra de dúvida, mais se encaixa com o jeito de ser dos Stammtische espalhados pela Alemanha, Áustria, Suíça, Dinamarca e em outros países sob influência tedesca, bem como aqui no Brasil, nas cidades colonizadas por descendentes destes países.


Os KLEINGARTENVEREIN-pequenas obras-primas




Quando visitei a Alemanha, em 2000, andei muito de trem. E reparei que em cada lugar que passava, ao lado da via férrea, estendiam-se pequenos e belos jardins com casinhas e suas flores e plantações, e isso nas várias cidades por onde andei. Aí me hospedando em casa de amigos, curiosa, perguntei à eles sobre esses jardins, e eles, além de me explicarem o que eram os Kleingartenverein me contaram que tb tinham um nos arredores de Goettingen e até me levaram lá. Que grata surpresa! Achei muito interessante a idéia , e o jardim deles, muito lindo! Cheio de pés de cereja, de mirtilhos, aquela grama verde-tapete cheia de florzinhas, muitas flores desconhecidas prá mim, pérgulas, um oásis! Nossos amigos moravam em apartamento, onde ficava quase impossível se ter e cuidar de um jardim. Mas na Alemanha existem os Kleingartenverein (associação de pequenos jardins), que resumindo, são terrenos arrendados e organizados em associações, que geralmente estão situados na periferia das cidades, perto de estradas de ferro ou nas regiões próximas a aeroportos. Explicado! Isso para os alemães, que são doidos por jardinagem, é a realização de seus anseios. Quem visita a Alemanha logo se certifica disso, vislumbrando os maravilhosos jardins que são cultivados nas casas. Então os Kleingartenverein são um mundo à parte para os que não tem o privilégio de ter casa com quintal. Mas existem filas de espera para se "ter" um e regras, claro, como tudo na Alemanha.
Os terrenos são separados geralmente por cercas vivas, mas arame também vale. As instalações são rústicas. Só é permitido construir uma casa pequena, sem água corrente, apenas para se guardar ferramentas e móveis de jardim, afinal ninguém pode se instalar ali para morar, esse não é o sentido da coisa. (imagina se isso iria funcionar no Brasil...)E normas são feitas para se respeitar na Alemanha, do que cuidam, com muito afinco, os próprios filiados aos clubes. Parte do terreno deve ser usada necessariamente para o plantio de verduras e árvores frutíferas.
Muitos associados confirmam que o jardim ajuda muito a superar o estresse. Na sede da Associação acontecem anualmente festas do tipo das nossas "Stammtich" em Santa Catarina, onde os associados se reúnem para entrega de prêmios, mostar suas plantações, colheitas, melhorias, onde rola música, comida e muita cerveja, enfim, um deleite sem fim.
"Se alguém o enerva, descarrega-se na enxada", "Aqui dá para a gente relaxar sem ter que pegar o automóvel, andar muitos quilômetros e cair em engarrafamentos. É um prazer, é puro relax", relatam.
Show de bola!

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Uma justa homenagem à minha cidade e seu povo guerreiro!

Hey Blumenau - RBS TV & Spry Video from spryvideo on Vimeo.

Deu saudades...quanta história vivida por lá, quantas alegrias e dissabores, descobertas e decepções. O conjunto de tudo isso é vida...

Parabéns ao seu povo guerreiro, que sempre lutou contra as adversidades com coragem e abnegação. Essa cidade linda é fruto do trabalho e disciplina desse povo. Dá saudades...

domingo, 19 de setembro de 2010




Um rico resolve presentear um pobre por seu aniversário e ironicamente
manda preparar uma bandeja cheia de lixo e sujeiras.

Na presença de todos, manda entregar o presente, que é recebido com
alegria pelo aniversariante. O aniversariante gentilmente agradece e pede
que lhe aguarde um instante, pois gostaria de poder retribuir a gentileza.

Joga fora o lixo, lava a bandeja, enche-a de flores, e devolve-a com um cartão,
onde diz: "Cada um dá o que possui."

Assim, não se entristeça com a "ignorância" das pessoas, não perca sua
serenidade. A raiva faz mal à saúde, o rancor estraga o fígado e a mágoa
envenena o coração. Domine suas reações emotivas.

Seja dono de si mesmo. Não jogue lenha no fogo de seu aborrecimento.
Não perca sua calma. Pense, antes de falar, e não ceda à sua impulsividade.

"Guardar ressentimentos é como tomar veneno e esperar que a outra pessoa
morra"

domingo, 15 de agosto de 2010


Relacionamentos - Arnaldo Jabor

Sempre acho que namoro, casamento, romance, tem começo, meio e fim. Como tudo na vida.

Detesto quando escuto aquela conversa: '- Ah, terminei o namoro...
- Nossa, estavam juntos há tanto tempo...
- Cinco anos.... que pena... acabou...
- é... não deu certo...'

Claro que deu!
Deu certo durante cinco anos, só que acabou.

E o bom da vida, é que você pôde ter vários amores.
Não acredito em pessoas que se complementam.
Acredito em pessoas que se somam.
Às vezes você não consegue nem dar cem por cento de você para você mesmo, como cobrar cem por cento do outro?
E não temos essa coisa completa.

Às vezes ela é fiel, mas é devagar na cama.
Às vezes ele é carinhoso, mas não é fiel.
Às vezes ele é atencioso, mas não é trabalhador.
Às vezes ela é muito bonita, mas não é sensível.

Tudo junto, não vamos encontrar.
Perceba qual o aspecto mais importante para você e invista nele.

Pele é um bicho traiçoeiro.
Quando você tem pele com alguém, pode ser o papai com mamãe mais básico que é uma delícia.
E às vezes você tem aquele sexo acrobata, mas que não te impressiona...

Acho que o beijo é importante... e se o beijo bate... se joga... se não bate... mais um Martini, por favor... e vá dar uma volta .

Se ele ou ela não te quer mais, não force a barra.
O outro tem o direito de não te querer.
Não brigue, não ligue, não dê pití.

Se a pessoa tá com dúvidas, problema dela, cabe a você esperar... ou não.
Existe gente que precisa da ausência para querer a presença.

O ser humano não é absoluto.
Ele titubeia, tem dúvidas e medos, mas se a pessoa REALMENTE gostar, ela volta .
Nada de drama.

Que graça tem alguém do seu lado sob pressão?

O legal é alguém que está com você, só por você.
E vice-versa.

Não fique com alguém por pena.
Ou por medo da solidão.

Nascemos sós. Morremos sós.
Nosso pensamento é nosso, não é compartilhado.
E quando você acorda, a primeira impressão é sempre sua, seu olhar, seu pensamento.

Tem gente que pula de um romance para o outro.

Que medo é este de se ver só, na sua própria companhia?

Gostar dói.
Muitas vezes você vai sentir raiva, ciúmes, ódio, frustração... Faz parte.
Você convive com outro ser, um outro mundo, um outro universo.

E nem sempre as coisas são como você gostaria que fosse...
A pior coisa é gente que tem medo de se envolver.

Se alguém vier com este papo, corra, afinal você não é terapeuta.
Se não quer se envolver, namore uma planta. É mais previsível.

Na vida e no amor, não temos garantias.

Nem toda pessoa que te convida para sair é para casar.

Nem todo beijo é para romancear.

E nem todo sexo bom é para descartar... ou se apaixonar... ou se culpar...
Enfim...quem disse que ser adulto é fácil ????

Não é nada fácil !!!

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Os pais envelhecem


Os pais envelhecem (do http://luzdeluma.blogspot.com)

Talvez a mais rica, forte e profunda experiência da caminhada humana seja a de ter um filho.
Plena de emoções, por vezes angustiantes, ser pai ou mãe é provar os limites que constituem o sal e o mel do ato de amar alguém.
Quando nascem, os filhos comovem por sua fragilidade, seus imensos olhos, sua inocência e graça.
Basta vê-los para que o coração se alargue em riso e cor.
Um sorriso é capaz de abrir as portas de um paraíso.
Eles chegam à nossa vida com promessas de amor incondicional.
Dependem de nosso amor, dos cuidados que temos.
E retribuem com gestos que enternecem.
Mas os anos passam e os filhos crescem.
Escolhem seus próprios caminhos, parceiros e profissões.
Trilham novos rumos, afastam-se da matriz.
O tempo se encarrega da formação de novas famílias.
Os netos nascem.
Envelhecemos.
E, então, algo começa a mudar.
Os filhos já não têm pelos pais aquela atitude de antes.
Parece que agora só os ouvem para fazer críticas, reclamar, apontar falhas.
Já não brilha mais nos olhos deles aquela admiração da infância e isso é uma dor imensa para os pais.
Por mais que disfarcem, todo pai e mãe percebem as mínimas faíscas no olho de um filho.
É quando pais, idosos, dizem para si mesmos:
Que fiz eu? Por que o encanto acabou? Por que meu filho já não me tem como seu herói particular?
Apenas passaram-se alguns anos e parece que foram esquecidos os cuidados e a sabedoria que antes era referência para tudo na vida.
Aos poucos, a atitude dos filhos se torna cada vez mas impertinente.
Praticamente não ouvem mais os conselhos.
A cada dia demonstram mais impaciência.
Acham que os pais têm opiniões superadas, antigas.
Pior é quando implicam com as manias, os hábitos antigos, as velhas músicas.
E tentam fazer os velhos pais se adaptarem aos novos tempos, aos novos costumes.
Quanto mais envelhecem os pais, mais os filhos assumem o controle.
Quando eles estão bem idosos, já não decidem o que querem fazer ou o que desejam comer e beber.
Raramente são ouvidos, quando tentam fazer algo diferente.
Passeios, comida, roupas, médicos - tudo passa a ser decidido pelos filhos.
E, no entanto, os pais estão apenas idosos.
Mas continuam em plena posse da mente.
Por que então desrespeitá-los?
Por que tratá-los como se fossem inúteis ou crianças sem discernimento?
Sim, é o que a maioria dos filhos faz.
Dá ordens aos pais, trata-os como se não tivessem opinião ou capacidade de decisão.
E, no entanto, no fundo daqueles olhos cercados de rugas, há tanto amor.
Naquelas mãos trêmulas, há sempre um gesto que abençoa, acaricia.

* * *
A cada dia que nasce, lembre-se, está mais perto o dia da separação.
Um dia, o velho pai já não estará aqui.
O cheiro familiar da mãe estará ausente.
As roupas favoritas para sempre dobradas sobre a cama, os chinelos em um canto qualquer da casa.
Então, valorize o tempo de agora com os pais idosos.
Paciência com eles quando se recusam a tomar os remédios, quando falam interminavelmente sobre doenças, quando se queixam de tudo.
Abrace-os apenas, enxugue suas lágrimas, ouça suas histórias (mesmo que sejam repetidas) e dê-lhes atenção, afeto...
Acredite: dentro daquele velho coração brotarão todas as flores da esperança e da alegria.

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Veneza, prá sempre no meu coração!


Cheguei à Veneza (essa frase infelizmente não consegue transmitir com fidelidade o impacto que é “se chegar em Veneza”) às 6:00 hs de uma manhã muito chuvosa, o que me fez pensar no fracasso da empreitada de 8:00 hs espremida na cabine de um trem italiano, de Munique, na Alemanha direto à Itália, numa noite cheia de percalços.
Saí da estação de Munique às 11:00 hs da noite, já cansada pelo dia inteiro de andanças na terra da Oktoberfest. Foi magnífico, andar sem eira nem beira por uma Munique cheia de atrações, muito tradicionalista e muito cosmopolita... mas estava exausta. Bem, Munique fica para outro post. A missão agora é tentar explicar “o que é se estar em Veneza”.

Viajei toda a noite numa cabine de um trem não muito confortável, e sempre quando achava que estava pronta prá dormir, vinha um maluco abrir a porta da cabine prá procurar lugar vago, ou o cara do ticket para ver a passagem, ou o pessoal da imigração na fronteira querendo ver Passaporte, e tinha um bêbado que não deixava ninguém no vagão dormir. Foi um caos a noite toda. Tentando novamente dormir, com frio, percebi que estávamos atravessando as montanhas, provavelmente os Alpes italianos. Não dormi mais, precisava ver o que se passava pela janela, pena a máquina fotográfica estar na mala, sob a cama, estava muito sonolenta para pegá-la. Daí quando estava quase amanhecendo, um susto. O trem iria se separar do vagão em que dormíamos para seguir para Verona, e isso em minutos. Céus!! Precisava atravessar dezenas de vagões para não desviar do destino!!!Não queria ir para a cidade de Romeu e Julieta! Queria Veneza! Foi um arrumar de mala, vestir roupa, calçar meia, sapato, corrida por entre passageiros e minutos desesperadores! Mas quem entende italiano prá decifrar a mensagem que por certo correu o trem à noite...?? No fim deu tudo certo, cheguei ao vagão certo toda descabelada, arrastando mala, sem lavar o rosto, sem tomar café, com a adrenalina à mil, mas aliviada.
Prá qualquer um que tenha grana para cobrir freqüentemente um passeio à Europa, Veneza é só mais um lugar do roteiro. Prá mim, simples mortal assalariada, que parcelou a passagem em 10 x, levou 2 malas de roupa velha, R$ 800,00 no bolso prá 20 dias de Europa, dar de cara com a ponte Rialto, principal acesso à Veneza para quem chega de trem, foi uma visão do paraíso, de alguém que encontra o nirvana, o prazer absoluto, uma lembrança que me enche os olhos de lágrima ainda hoje, 10 anos depois. Impacto sem igual. Nem sei como cheguei na Rialto, saltei do trem “daquele jeito meio hippie” mas já em estado de graça, apesar do tempo pesadíssimo e prestes a cair um temporal, acho que fui andando em nuvens. Só parei na estação para fazer o câmbio (trocar Marko por Lira), e ir ao banheiro para me “recuperar” da viagem. Coloquei a mochila nas costas com o essencial para aquele dia e tudo o mais desapareceu: turistas, trens, nuvens pesadas, “só” tinha tudo aquilo pela frente, a eterna Veneza!!! Viajante de “1ª vez em Veneza” não sabe que, logo que se sai do trem, já se tem o pé, os olhos e o coração naquela maravilha toda, ninguém te avisa, te prepara o espírito. É na veia mesmo e com Nitroglicerina pura. Nenhum cartaz com os dizeres “Desembarque e deslumbre-se no choque!” Se o coração agüentar, você é duplamente vencedor. Deu prá sentir o baque??
Parei, respirei fundo, me belisquei para “deixar a moeda cair”, sem saber por onde começar a me deslumbrar primeiro. Deu vontade de dar um grito, desses de comercial psicodélico. Eu estava ali, sonhando um sonho de menina, assistindo o ir e vir frenético dos vaporetos em águas muito verdes do Mar Adriático, e pontes, muitas pontes, palacetes, hotéis maravilhosos, charmosas pizzarias ao largo do Grande Canal, gôndolas com condutores em suas indefectíveis camisetas listradas, estreitas ruas perdidas em labirintos, fabriquetas de cristal de Murano, lojas repletas de máscaras para o famoso Carnaval, e história... Quase podia ouvir os doces acordes do violino de Vivaldi, soando por aquelas infinitas ruelas impregnadas de beleza e mansidão. Ele deve ter sido muito feliz morando por aqui, pensava eu. Arrulhos e revoadas de pombos quebravam o silêncio da paz que eu estava sentindo. Estava feliz como nunca fui até então. A sensação do sonho realizado é boa demais, e o meu, pelo visto, era um sonho em grande estilo.Se algum turista fotografou o ponto onde eu estava, por certo saí na foto dele com a boca aberta, com cara de boba-alegre...
A chuva finalmente caiu, pesada com seus prometidos raios e trovões, desesperando turistas e vendedores em suas barracas de lembranças. Eu, que adoro chuva, cheguei ao êxtase. Me abriguei numa lanchonete, pedi uma fatia de pizza, uma água mineral sentei numa mesinha e fiquei ali, calmamente, observando cada detalhe daquela cidade, me convencendo de que não se tratava de nenhum sonho, de que eu estava realmente em Veneza, em uma de suas lanchonetes, saboreando a vista, uma pizza e a chuva caindo sem dó sobre as calçadas daquele lugar ímpar. Tudo absolutamente perfeito!
Quando finalmente a chuva cessou, o sol voltou tímido, aproveitei para andar e andar, agradecendo aos céus por todo aquele presente. Atravessei todas as pontes, conheci a Piazza de San Marco com sua magnífica catedral e seus milhares de pombos, ladeei o "Gran Canal" e seu grande movimento de barcos e vaporetos, visitei uma loja de cristais onde vi lindas peças sendo fabricadas na hora. Passei pela Ponte dos Suspiros e ela ainda é tão linda e intrigante que os suspiros agora são de quem a vê de fora, não mais dos prisioneiros que outrora por ela passavam e suspiravam na sua última visão da cidade. Os mesmos suspiros que eu dou quando a saudade daquele dia me aperta o coração.

terça-feira, 13 de abril de 2010

Conselho não se dá, mas esse aí é 10 !!!!



Viver

Acho a maior graça.
Tomate previne isso, cebola previne aquilo, chocolate faz bem, chocolate faz mal, um cálice diário de vinho não tem problema, qualquer gole de álcool é nocivo, tome água em abundância, mas não exagere...
Diante desta profusão de descobertas, acho mais seguro não mudar de hábitos. Sei direitinho o que faz bem e o que faz mal para minha saúde. Prazer faz muito bem. Dormir me deixa 0 km. Ler um bom livro faz-me sentir novo em folha. Viajar me deixa tenso antes de embarcar, mas depois rejuvenesço uns cinco anos. Viagens aéreas não me incham as pernas; incham-me o cérebro, volto cheio de idéias. Brigar me provoca arritmia cardíaca. Ver pessoas tendo acessos de estupidez me embrulha o estômago. Testemunhar gente jogando lata de cerveja pela janela do carro me faz perder toda a fé no ser humano. E telejornais... os médicos deveriam proibir - como doem!
Caminhar faz bem, dançar faz bem, ficar em silêncio quando uma discussão está pegando fogo, faz muito bem; você exercita o autocontrole e ainda acorda no outro dia sem se sentir arrependido de nada. Acordar de manhã arrependido do que disse ou do que fez ontem à noite é prejudicial à saúde. E passar o resto da vida sem coragem para pedir desculpas, pior ainda. Não pedir perdão pelas nossas mancadas dá câncer, não há tomate ou mussarela que previna.
Ir ao cinema, conseguir um lugar central nas fileiras do fundo, não ter ninguém atrapalhando sua visão, nenhum celular tocando e o filme ser espetacular, uau!
Cinema é melhor pra saúde do que pipoca. Conversa é melhor do que piada. Exercício é melhor do que cirurgia. Humor é melhor do que rancor. Amigos são melhores do que gente influente. Economia é melhor do que dívida. Pergunta é melhor do que dúvida. Sonhar é melhor do que nada.

Luis Fernando Veríssimo
Boa Semana!

domingo, 11 de abril de 2010

Meu amor pela poesia de Neruda


(casa de Neruda em Isla Negra-Chile)
Amo Pablo Neruda. Há muitos anos, quando li seu primeiro verso, me entreguei.
Tudo o que escreveu me toca, me transporta para perto do mar, para dias frios envoltos em neblina da bruma marinha e ao cheiro de sal . A visão do mar de Isla Negra com seus casebres de telhado molhado e redes de pesca penduradas pela janela, se forma em minha mente e o vejo, em passos lentos, talvez com o coração a sangrar, caminhando sobre a escura areia daquela ilha esquecida da costa do Chile, onde o mar cinzento e triste, traz lentamente algas e gaivotas à praia. Longe, consigo ver os barcos dos pescadores sacolejando ao sabor das ondas, amarrados no pier fustigado pelos ventos. Neruda amava aquela ilha. Era seu refúgio, onde se encontrava e se perdia, tomado pelas grandes paixões de sua vida: poesia e solidão. Quem assistiu ao filme "O Carteiro e o Poeta" sabe do que estou falando. Foi, de longe, o filme mais lindo que já vi. Pablo Neruda desperta meu lado melancólico, mas nem por isso menos importante para a formação do meu equilíbrio. É a mistura do mar e o amor na medida exata.

"Não te quero a não ser porque te quero
e de te querer a não te querer chego
e de te esperar quando não te espero
passa meu coração do frio ao fogo.

Só te quero porque é a ti quem quero,
sem fim te odeio, e com ódio te peço,
e a medida do amor meu, viajeiro,
é não te ver e amar-te como um cego.

Talvez consuma a luz de janeiro,
seu raio cruel, meu coração inteiro,
de mim roubando a chave do sossego.

Nessa história só eu morro
e morrerei de amor porque te quero,
porque te quero, amor, a sangue e fogo." (Cien sonetos de amor)

]x[x]x[x]x[x]x[x]x[x]x[x]x[x]x[x]x[x]x[x]x[x]x[x]x[x]x[x]x[x]x[x]x

"Pensei em morrer, senti de perto o frio,
e de quanto vivi só a ti eu deixava:
tua boca era o meu dia e minha noite terrestres
e tua pele a república fundada por teus beijos.

Nesse instante se terminaram os livros,
a amizade, os tesouros sem trégua acumulados,
a casa tranparente que tu e eu construímos:
tudo deixou de ser, menos os teus olhos.

Porque o amor, enquanto a vida nos acossa,
é simplesmente uma onda alta sobre as ondas
mas ai quando a morte nos vem tocar a porta.

só existe teu olhar para tanto vazio,
só a tua claridade para não seguir sendo,
somente o teu amor para encerrar a sombra."(Cien sonetos de amor)
das palavras que não falam simplesmente, que dizem.


O carteiro Mário Ruppolo (Massimo Troisi) com poeta Pablo Neruda (Philippe Noiret) falando de metáforas diante do mar no filme "O carteiro e o poeta".

terça-feira, 6 de abril de 2010

A casa da minha "Ôma"- 12 - fim


Hoje, a velha casa não existe mais. A falta do espírito preservador dos meus primos a desmontou e transformou em casa de defumar bacon!!!.... Minha tia e ôma também já nos deixaram. No lugar da casa, hoje está uma casa de madeira sem pintura, cheia de crianças loiras, primos distantes que provavelmente ainda brincam nos pastos onde outrora brincava de “revoar sobre as colinas”, embora acredite, o riacho não tenha mais a mesma pureza. A propriedade continua a mesma, estive por lá há alguns anos, mas a luz elétrica chegou. Provavelmente existam geladeiras, TVs, freezers para preservar as carnes do gado e aves abatidos bem como todos os confortos que o progresso traz. Mas, bem sei que, o que o progresso traz em conforto, leva em magia e inocência.

Oxalá um dia volte a rever o sítio dos Bublitz, e leve minha filha prá correr e “revoar” livremente naquelas colinas, descalça, naqueles pastos sem fim, para subir em árvores, correr atrás dos patos e galinhas, tomar banho no riacho, comer tangerinas até se fartar, envolvida no verde que ainda toma conta do lugar. E se fizer alguma travessura, sei que meu tio Rainold, de onde estiver, vai se lembrar de mim e dar boas gargalhadas.

A casa da minha "Ôma" - 11 - Páscoa


Não lembro de ter passado algum Natal por lá, mas as Páscoas daquele tempo merecem um capítulo especial.
Meses antes, minha querida tia Laura, que era deficiente vocal, confirmava com a minha mãe, do jeito dela, sobre o dia em que chegaríamos para a Páscoa. Elas eram irmãs gêmeas e se entendiam bem. Era o que bastava para ela começar a recolher ovos de ganso para colocar nos ninhos prá mim. Eram ovos grandões, lindos, que ela esvaziava, provavelmente para alguma omelete. Com todo o cuidado, fazia um furinho na extremidade, lavava e secava, depois pintava com tinta extraída de papel crepom colorido. Aí, colocava minúsculas balinhas coloridas ou amendoim açucarado como recheio, fechava com papel de seda e ficava nos esperando, impaciente. Minha mãe aproveitava e levava alguns chocolates no formato de coelho, tudo muito bem escondido de mim, afinal, a festa do coelho era coisa para criança curtir na fantasia mesmo.
Na véspera da Páscoa chegávamos à Raphael. Meu tio Ingo sempre vinha nos encontrar no outro lado do rio, onde tínhamos que atravessar sobre um tronco de árvore, achatado de propósito, para as pessoas andarem sobre ele. Eu morria de medo pois o rio tinha as águas geladas, muitas pedras e a água corria velozmente sob nossos pés, mas, meu tio sempre me levava no colo até a outra margem. Minha mãe vinha logo em seguida. Atravessávamos um caminho por entre um milharal, subíamos uma suave ladeira por entre muitas árvores bem ao lado da casa da ôma e lá estava ela: tia Laura, varrendo o quintal de chão batido, não deixando uma folhinha, um cisco sequer no chão que no fim, mais parecia um piso de assoalho encerado, de tão limpo. Ela sentia um prazer especial naquilo, o fazia como ritual. Penso que era para celebrar a alegria do nosso reencontro, a festa da Páscoa, o espírito da inocência. Assim que nos avistava, largava tudo, secava as mãos no avental e saía correndo ao nosso encontro para ajudar-nos com as bolsas e sacolas, na maior alegria.
Depois dos abraços, adentrávamos a casa, fresquinha de brisa, com o som do tique-taque do relógio, o fogão à lenha fumegante, com sua panela de ferro cheinha de frango borbulhando no molho, e mais batatas doces e arroz. Almoçávamos e como sempre, tinha o papo dos adultos para pôr em dia. Eu deitava num tapete de pele de carneiro, no chão ao lado delas e pegava no sono ali mesmo, embalada pelo mesmo tique-taque daquele relógio antigão, do ranger das dobradiças das janelas e pelas conversas intermináveis. Acordava com minha mãe passando pano no chão, fazendo a limpeza para a Páscoa. À tarde, minha tia Laura arrumava a palha para os ninhos onde o “coelho” poria os ovos e chocolates. Tudo era festa e magia, inteiramente patrocinada pela tia Laura.
Na manhã da Páscoa eu percebia que ela ficava de longe, prá lá e prá cá, só esperando que eu acordasse, mais ansiosa que eu. Como era um tempo bem frio, eu gostava de ficar mais tempo sob aquela coberta de penas gostosa. Mas, ante a ansiedade dela, levantava, sem entender direito o que estava acontecendo. Era quando eu vislumbrava ninhos e mais ninhos de palha pela casa toda e pelo quintal limpo, repletos de ovos coloridos e chocolates. Era a visão do paraíso! Era uma felicidade só!! Minha e da minha tia, me vendo feliz. O coelho não havia se esquecido de mim!!! Ela era tão pura e inocente como uma criança, e a minha alegria era a dela. Esperava-me com uma cestinha na mão, feita de papelão e toda forrada de papel crepom para que eu colocasse os ovos nela o cada ninho encontrado. E eu fazia esse trabalho de pronto, afinal, procurar ninhos com ovos pela casa era uma diversão e tanto. Foram Páscoas inesquecíveis e felizes. Numa dessas ocasiões, ela colocou num dos ninhos, uma galinha de brinquedo, que soltava ovinhos de plástico branco quando a apertávamos. Foi o êxtase!!! Nunca vou esquecer disso. Os únicos brinquedos que eu tinha na vida até ali eram duas bonecas velhas, e receber aquela galinha amarela soltando ovos foi o máximo!!!Era essa...

A casa da minha "Ôma" - 10 - Travessuras


Lembro da minha maior travessura daqueles tempos. A vítima, novamente, foi meu tio Rainold, ou melhor, no final fui eu...
Meu tio cuidava com esmero especial de uma parreira de uvas no seu quintal. Era uma parreira espetacular, com lindos cachos de uvas verdes pendurados, quase uma pintura, um quadro de natureza-morta. Um dia, não sei por que cargas d´água, eu e minha amiga Magrit Braatz resolvemos cortar todos os cachos de uvas dessa parreira, e, escondidas na roça da ôma, ficamos comendo as uvas verdes, bem longe de todos. O detalhe é que as uvas ainda estavam muito verdes, mas comemos alguns cachos mesmo assim. O resto jogamos fora, pois era muita coisa para comer e estavam muito azedas. Quando voltamos, a confusão já estava armada no sítio. Meu tio colerizado, minha mãe e a ôma tentando acalmá-lo, e todos tentando descobrir o malfeitor, o mentor dessa façanha. Minha mãe me interpelou e eu neguei veementemente, por medo. Ela também achou que não tinha sido eu, pois nunca fora de mentir nem de fazer tamanha travessura. Então, estava acima de qualquer suspeita. Mas eis que a noite chegou, com suas estrelas, grilos e vaga-lumes. E eu, muito enjoada, nauseada. Ninguém entendia esse mal-estar (devia ser a consciência pesada). Foi quando minha ôma me colocou na cama e eu não agüentando mais, vomitei. E lá estavam as uvas do meu tio, verdinhas, quase inteiras, no chão do quarto, no meio do vômito. Morri de vergonha perante minha mãe e minha ôma. Tive que confessar à elas o delito e pedir perdão ao meu tio. Ele ficou de mal comigo um tempo, mas depois ele teve que passar outro sufoco comigo. Coitado... Foi no dia em que a máquina de cortar trato virou sobre mim. Todos estavam naquela conversa de fim de tarde de sempre, jantando, mas eu, afoita por ajudar meu tio que não estava no estábulo, fui cortar o trato sozinha para fazer uma surpresa à ele quando chegasse. Não deu outra, no entusiasmo de virar aquela roda imensa, veio tudo por cima de mim. A máquina era grande, mas por sorte, era mecânica, movida manualmente. Foi aquela gritaria, minha e de todo mundo. Mais uma travessura homérica.
Teve o dia em que eu e, novamente minha amiga Magrit, resolvemos capturar todos os sapos do mundo num saco (prá que isso??). Por todos os lados havia sapos-boi dormindo em algum canto. Nos estábulos, sob a casa, entre folhagens, troncos ocos, no pasto, no rancho. Acho que capturamos uns 30 sapos no saco, naquele dia. Consigo sentir hoje, a euforia de pegar cada sapo, era uma gritaria só, mas...muito divertido!!... E como não estávamos satisfeitas apenas em capturá-los, resolvemos soltá-los todos no meio da parentada reunida. Era gente pulando prá todo lado e nós, certamente, levamos aquela “sapecada” de nossas mães. Depois dessa, sosseguei, para alívio do meu tio e de todos.

A casa da minha "Ôma" - 9 - colheitas


Muito se trabalhava nessas terras. O tamanho delas denotava o trabalho que davam. Minha ôma capinava horta, juntava e carregava nas costas fardos e mais fardos de trato para as duas vaquinhas dela, bem longe da casa, na roça. Costumava acompanhá-la por esses caminhos até a roça, era uma picada estreita, ladeada de capim e florzinhas lilases e que ao final tinha uma imensa goiabeira onde gostava de subir e olhar o trabalho da ôma, a cortar mato e formar fardos. Ela costumava fazer um fardo pequeno prá eu carregar, como ela. Sentia-me útil e importante assim. Meus tios tinham muito mais gado prá cuidar, umas oito cabeças de gado e alguns cavalos e grandes plantações às quais eram aradas a cada semeadura, e colhidas em grandes mutirões. Muitas vezes, por diversão infantil, ajudava nessas colheitas. O que mais gostava era de fazer parar os cavalos no meio do serviço de arado. Era só gritar “ÔP!!” que eles paravam automaticamente, era o êxtase!! Meu tio Rainold é que ficava uma fera comigo, pois atrapalhava o andamento dos trabalhos. Aí, lá pelas 9:00 hs da manhã comíamos o Früeschtück (lanche), sob a sombra de pés de tangerina ou das pereiras, em silêncio, admirando toda aquela beleza de terras, agradecendo à Deus pela fartura com simplicidade que abundava naquele lugar.

A casa da minha "Ôma" - 8 - + brincadeiras



Mais Brincadeiras

Adorava correr nos pastos que rodeavam a propriedade toda, eram terras à perder de vista, colinas sem fim, serras e montanhas, todas terras do meu ôpa Bublitz. Hoje devem estar passando de geração em geração e divididas em milhares de pedaços. Havia muitos pés de tangerinas nesses pastos, e eu, vencendo o medo que tinha (ainda tenho)
dos touros que andavam soltos, pulava as certas e colhia todas as tangerinas que podia. Eram tantas que nem dava trabalho de colher, pendiam no pé com o peso dos cachos.
Gostava muito também de ficar vendo o preparo dos doces de frutas, no galpão em frente à casa. Geralmente eram de tangerina ou laranja, que abundavam no sítio. Eram colhidas as frutas, descascadas, tiradas as sementes e as pelinhas e jogadas num tacho de cobre imenso, misturadas com garapa. A extração da garapa também era feita ali. Pesadas rodas e engrenagens no meio do galpão eram giradas, impulsionadas por duas rezes ou dois cavalos, que andavam em círculo o tempo todo, atados à estribos, para moer a cana que meus tios colocavam entre as rodas. Então, atraídas pelo aroma doce que enchia o ar, apareciam as temidas abelhas. Ah, quanto ferrão levei. O galpão ficava apinhado delas nessa época, todas doidas pelos doces. E só nos picavam se tentássemos nos livrar delas, enxotando ou batendo nelas.
Daí alguém, sempre revesando, ficava mexendo com uma colher de cobre com cabo muito comprido, por dias à fio, até a fruta virar doce. Nem à noite o processo acabava.
Depois, era só saborear com queijo branco e pão de milho, huuummmm...
Era óbvio que levávamos algumas latas para Blumenau, quando íamos embora. Aliás, minha ôma sempre nos enchia de coisas do sítio: voltávamos pra casa com sacolas e mais sacolas pesadas cheias de: ovos embalados um a um em folha seca de milho, doces, queijo, manteiga, frutas, pão de milho, nata, e às vezes até galinhas! Era muito bom, pois a sensação de se estar na casa da ôma permanecia por dias e dias e assim, não sentíamos tantas saudades.

A casa da minha "Ôma" - 7 - delícias de leite


Minha ôma tinha duas vacas no seu pequeno estábulo: a Rose e a Bonita. Rose era uma holandesa marrom clara, e a Bonita era mesclada de branco e preto, acho que também era holandesa. Muito dóceis as duas, davam muitos litros de leite, de manhã e à noite. Minha ôma as ordenhava pacientemente, e fazia muitos produtos com esse leite: coalhada, nata, queijo branco (ricota), queijo colonial (amarelo e consistente, o nosso queijo-prato, mas sem aditivos), koch-keese (queijo frito, delicioso), e o leite em si, que era usado para fazer manteiga, pudins, bolos, pães-doces e um monte de coisa boa. Coisa que gostava muito de comer eram as “sopas de frutas” que minha ôma fazia. Eram de carambola, ameixas, nêsperas, as frutas da época cozidas com açúcar cristal e pau de canela ou cravo, e acompanhadas de pudim caseiro, feito com leite fresco, muuuito bom!!!
Na cozinha, como não podia deixar de ser, tinha um fogão à lenha, feito pelo meu “ôpa”, onde sobre sua chapa de ferro saíam maravilhosos almoços, feitos em panela de ferro. Lembro que a panela de ferro da ôma tinha 3 pezinhos, nunca mais vistos em panelas de ferro atuais.

A casa da minha Ôma - 6 - visitações



Costumávamos jantar nessas visitas que fazíamos aos tios. Grossas fatias de pão de milho com muita nata e queijo branco recém amassado e melaço, hummmm, eu adorava. Detestava, na época, pão com salgado. Minha mãe comia com lingüiça feita ali no sítio, fresquinha, cheirosa e com muito alho, e queijo colonial. Sempre tinha aipim frito com bacon defumado no fogão à lenha, galinha ensopada que era sobra do almoço; tudo criado ou feito por eles. As únicas coisas que eram compradas: o açúcar (cristal), a farinha de trigo e o café. Tudo o que ia à mesa, era produzido ali: verduras, legumes, grãos, carne, frango, ovos, bacon, leite, queijos, frutas, doces, pães, etc. Tudo deliciosamente diferente, carne sem hormônio e verduras e legumes sem gosto de agrotóxico.
Depois íamos para a varanda, sentávamos em bancos de madeira, meu tio numa cadeira de balanço, e as estórias rolavam noite adentro. Eu, claro, não queria saber de conversa, ficava 5 minutos ouvindo o papo dos adultos e já queria brincar com meus primos Ingo e Arnoldo e minha prima Erna. Eles tinham alguns pássaros nas gaiolas e deixavam-me alimentá-los. Contávamos nossas histórias de crianças, eles querendo saber como eram as coisas na cidade, eu querendo saber como faríamos para tomar banho no riacho no dia seguinte, e por aí ia a conversa, até o sono nos vencer. Tempos impagáveis esses....

A casa da minha Ôma -5 - A Simplicidade da vida no Campo



O Campo e sua simplicidade

A simplicidade do campo se reflete em inocência, na valorização das pequenas coisas, em beleza. E a casa de minha ôma, com seu sítio em volta, tinha tudo a ver com isso.
Não havia ainda a energia elétrica, ela ainda não havia chegado até aqueles cantos, e esse detalhe fazia toda a diferença. Fazíamos a refeição noturna à luz de lampião, eu e minha mãe de um lado da mesa, minha ôma e minha tia Laura do outro, e essa penumbra, somada às conversas intermináveis delas me faziam ficar com sono. Daí minha ôma me levava prá cama mais fofa do mundo, nos fundos daquela casa aconchegante, com o lampião nas mãos. Era mágico o efeito daquela luz tênue abrindo espaço pelas paredes daquela sala imensa mergulhada na escuridão. Eu brincava com as sombras, com os ecos dos nossos passos, ouvindo os grilos fazendo festa nos laranjais. Minha ôma me colocava na cama, me fazia rezar o pai-nosso em alemão (na época eu sabia...), me cobria com uma coberta de penas, e voltava prá conversa ao pé da mesa com minha mãe. A mesma luz que há pouco encheu a sala de sombras e fantasia, voltava a desaparecer, passo por passo, lentamente, pelas paredes, atrás das costas encurvadas e cansadas de minha ôma. E eu adormecia, embalada pelas vozes distantes das três e pelo vento uivando ao redor das paredes.
Esse mesmo lampião amigo nos acompanhava muitas vezes pelo caminho na escuridão da noite, que ia dar na casa de meus tios, logo em frente. Eu adorava ir visitá-los, tateando pelo caminho ante a falta de luz, extasiada pela visão de tantos vaga-lumes. A luz produzida pelo lampião era muito pouca. E por isso dava prá ver o céu mais estrelado que já vira na vida, principalmente no inverno, quando o frio deixava o ar mais límpido ainda. Os cachorros vinham nos saudar, depois de ladrarem um pouco, ante a visão de quatro vultos se aproximando no breu das noites sem lua. Lembro apenas dos nomes: Mópi e Rex.
E a noite transcorria entre conversas “à pôr em dia” com meus tios e as minhas brincadeiras nos estábulos, onde meu tio dava comida ao gado. Adorava os bezerros, ficava afagando-lhes o crânio forte e peludo. Às vezes, ajudava meu tio à cortar o capim, na máquina corta-trato, ou debulhar milho, também numa maquininha de ferro. Nunca entendi como aquilo debulhava tão bem. O milho era para dar às galinhas, espetáculo que eu não perdia por nada, nos fins de tarde ou início de noite. Meu tio tinha um chamado próprio para as bichinhas, e o pátio antes vazio, se enchia com revoadas de galinhas, galos, frangos, pintos, patos, marrecos, gansos, todos afoitos pelo jantar recém debulhado. Era muito divertido.