domingo, 28 de novembro de 2010

Artesanato; MOSAICO NA TELHA

Adoro trabalhos em telha e mosaicos. Esse vídeo incorporou as duas técnicas e ficou lindo!


(execução: Iara Capraro)

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Hora da culinária: Massa de torta perfeita

<a href="http://video.br.msn.com/?mkt=pt-br&amp;vid=ebf86dfe-1565-9632-ed8e-fa2f90d03af0&amp;from=pt-br&amp;fg=dest" target="_new" title="A Massa de Torta Perfeita">Vídeo: A Massa de Torta Perfeita</a>

domingo, 14 de novembro de 2010

Crônica de Miguel Fallabela - Nuvens do Profeta Gentileza

Profeta Gentileza

Eu vinha dirigindo pela enseada de Botafogo, o dia tinha nascido sobre o desfile da Beija-Flor e a manhã soprou uma brisa fresca, antes de o Sol inundar tudo. Mas lá vinha eu, cansado, de janela aberta, sorvendo o ar da minha cidade, feliz da vida, quando apertei a tecla errada no aparelho de som e, ao invés de entrar o samba da Grande Rio, Ella Fitzgerald surgiu cantando Cole Porter, com aquela doçura e categoria de sempre. Imediatamente, o mundo mudou lá fora, minha cabeça deu uma guinada violenta e o olhar foi redirecionado. Ela mal começou a cantar e o olhar foi redirecionado. Música faz isso com a gente, às vezes.

Música nos atira para o ar de repente, sem aviso. É isso. Rouba o chão e estende um tapete de nuvens no lugar. Ella Fitzgerald fez isso, esta manhã, quando eu dirigia pela enseada de Botafogo, achando linda a minha cidade, imaginando o que será dela num futuro que eu não verei. Um futuro distante, quando arqueólogos importantes recuperarão parte dos grandes blocos de concreto com as inscrições do profeta Gentileza, aquelas mesmas que me acostumei a ler e reler nas idas e vindas da Ilha. A beleza gráfica das letras e a composição de suas profecias, de suas palavras de amor. E simplesmente apagaram tudo. Não tiveram sequer o bom senso de perguntar a nós, moradores da cidade, para quem as palavras eram dirigidas. Junto com as palavras de Gentileza, afogados na tinta do poder, vão-se pedaços das minhas viagens e dos meus sonhos, sacolejando nos ônibus, o olhar perdido na feia paisagem da Avenida Brasil, os olhos adolescentes projetando seus sonhos no comprido muro do cemitério do Caju. Tudo apagado. Por um tempo, talvez. Quem sabe, por esses misteriosos descaminhos, aquelas não sejam tábuas de uma grande religião do futuro, preservadas sob a tinta que um dia quis destruí-las. Sei lá, pode ser que aconteça. E pode ser também que tudo desapareça num tapete de nuvens. Mas prefiro acreditar nos mistérios que a vida volta e meia oferece.

Enfim, lembrei da obra de Gentileza e do belo enredo de Joãosinho Trinta e fui colocar o samba da escola para sacudir a manhã, quando deu-se a melódia. Ella começou a cantar e meu corpo cansado parou, enquanto a alma, cheia das alegrias da noite de batuque, virou de cabeça para baixo e, de repente, eu voando nos ares da harmonia, imaginei que nossas existências são desfiles, com grandes carros alegóricos, um para cada evento importante do nosso enredo. E o dia foi passando com mais vagar pela janela, até a brisa segurou a respiração para que alguns dos carros mais delicados passassem pela avenida à beira mar. Congelou-se a imagem daquele momento, a fotografia para sempre guardada nos anais do tempo.

E, na cabeça, eu ia repassando algumas das mensagens que recebi por causa da tal revisita a um dia escolhido, que eu propus na última crônica. Como de hábito, meus leitores se inspiraram e eu tenho recebido poesia de toda parte, pedaços de lembrança, retalhos de vidas, que de alguma forma tento costurar para dar sentido à minha. O nosso patchwork particular. As lembranças de vocês iam se desenrolando na minha cabeça, um grande desfile, carros passando em câmera lenta, Ella cantando ao fundo e o Rio de Janeiro abrindo as cortinas do dia e deixando o sol entrar. Foi assim, esta manhã.

Dormi quase o dia inteiro, um sono picado, besta, de quem parece que tem medo de sonhar. Acordando toda hora, achando que ainda não tinha descansado o bastante, e volta e meia lembrando de um relato, de uma lembrança de alguém, que de longe me ajuda, agora, a escrever esta crônica. Não consegui dormir direito, no final das contas, enquanto o dia corria célere lá fora, ao encontro das luzes do segundo dia. Fiquei zanzando pela casa vazia e acabei sentado no computador, recebendo novas mensagens, mais corações rebentando em flor e gente que fala bonito e pensa bonito e eu vou lendo como quem se ilustra. Acabei marcando todas as mensagens que vocês me enviaram e quero ver se consigo realmente fazer uma crônica que seja uma colcha dos retalhos de todos os nossos corações urbanos (ou, pelo menos, os desses encontros às quintas-feiras). Não sei ainda de que jeito, mas uma hora, assim como quem não quer nada, eu me inspiro.

E, já que todos confessaram tão despudoramente suas preferências, sinto-me na obrigação de compartilhar igualmente meus segredos, de modo que, muito aqui entre nós, se me dado fosse este direito, o dia que revisitaria seria aquele mais comum, um dia de semana qualquer. Nada especial. Apenas um brilho verde nos olhos, um meio sorriso no canto da boca e uma promessa de amor no ar. Esse dia seria o revisitado.

Se me dado fosse esse direito.

Quem foi o "Profeta Gentileza" ?


Sua infância

Com mais nove irmãos, José Datrino teve uma infância de muito trabalho, onde lidava diretamente com a terra e com os animais. Para ajudar a família, puxava carroça vendendo lenha nas proximidades. Desde cedo aprendeu a amar, respeitar e agradecer à natureza pela sua infinita bondade. O campo ensinou a José Datrino a amansar burros para o transporte de carga. Tempos depois, como profeta Gentileza, se dizia “amansador dos burros homens da cidade que não tinham esclarecimento”. Desde sua infância José Datrino era possuidor de um comportamento atípico. Por volta dos doze anos de idade, passou a ter premonições sobre sua missão na terra, onde acreditava que um dia, depois de constituir família, filhos e bens, deixaria tudo em prol de sua missão. Este comportamento causou preocupação em seus pais, que chegaram a suspeitar que o filho sofria de algum tipo de loucura, chegando a buscar ajuda em curandeiros espíritas.

No Rio de Janeiro

Aos vinte anos foi para o estado do Rio de Janeiro, enquanto sua família mudava-se para Mirandópolis, também cidade do interior de São Paulo. No Rio de Janeiro, casou com Emi Câmara com quem teve cinco filhos. Começou sua vida de empresário com um pequeno empreendimento na área de transportes, onde fazia fretes para o sustento da família. Aos poucos, o negócio foi crescendo até se tornar uma transportadora de cargas sediada no centro da cidade.

Surge o Profeta Gentileza

No dia 17 de dezembro de 1961, na cidade de Niterói, quando tinha 44 anos, houve um grande incêndio no circo “Gran Circus Norte-Americano“, o que foi considerado uma das maiores tragédias circenses do mundo. Neste incêndio morreram mais de 500 pessoas, a maioria, crianças. Na antevéspera do natal, seis dias após o acontecimento, José acordou alucinado ouvindo “vozes astrais“, segundo suas próprias palavras, que o mandavam abandonar o mundo material e se dedicar apenas ao mundo espiritual. O Profeta pegou um de seus caminhões e foi para o local do incêndio. Plantou jardim e horta sobre as cinzas do circo em Niterói, local que um dia foi palco de tantas alegrias, mas também de muita tristeza. Aquela foi sua morada por quatro longos anos. Lá, José Datrino incutiu nas pessoas o real sentido das palavras “Agradecido” e “Gentileza”. Foi um consolador voluntário, que confortou os familiares das vítimas da tragédia com suas palavras de bondade. Daquele dia em diante, passou a se chamar “José Agradecido“, ou simplesmente “Profeta Gentileza”.

Após deixar o local que foi denominado “Paraíso Gentileza”, o profeta Gentileza começou a sua jornada como personagem andarilho. A partir de 1970 percorreu toda a cidade. Era visto em ruas, praças, nas barcas da travessia entre as cidades do Rio de Janeiro e Niterói, em trens e ônibus, fazendo sua pregação e levando palavras de amor, bondade e respeito pelo próximo e pela natureza a todos que cruzassem seu caminho. Aos que o chamavam de louco, ele respondia: – “Sou maluco para te amar e louco para te salvar“.

Os murais

A partir de 1980, escolheu 56 pilastras do Viaduto do Caju que vai do Cemitério do Caju até a Rodoviária Novo Rio, numa extensão de aproximadamente 1,5km. Ele encheu as pilastras do viaduto com inscrições em verde-amarelo propondo sua crítica do mundo e sua alternativa ao mal-estar da civilização. Durante a Eco-92, o Profeta Gentileza colocava-se estrategicamente no lugar por onde passavam os representantes dos povos e incitava-os a viverem a Gentileza e a aplicarem Gentileza em toda a Terra.

Citação: “Gentileza Gera Gentileza”.

Após sua morte

Em 29 de maio de 1996, aos 79 anos, faleceu na cidade de seus familiares, onde se encontra enterrado, no “Cemitério Saudades”.

Com o decorrer dos anos, os murais foram danificados por pichadores, sofreram vandalismo, e mais tarde cobertos com tinta de cor cinza. Com ajuda da prefeitura da cidade do Rio de Janeiro, foi organizado o projeto Rio com Gentileza, que teve como objetivo restaurar os murais das pilastras. Começaram a ser recuperadas em janeiro de 1999. Em maio de 2000, a restauração das inscrições foi concluída e o patrimônio urbano carioca foi preservado.

No final do ano 2000 foi publicado pela EdUFF (Editora da Universidade Federal Fluminense) o livro Brasil: Tempo de Gentileza, do professor Leonardo Guelman. A obra introduz o leitor no “universo” do profeta Gentileza através de sua trajetória, da estilização de seus objetos, de sua caligrafia singular e de todos os 56 painéis criados por ele, além de trazer fatos relacionados ao projeto Rio com Gentileza e descrever as etapas do processo de restauração dos escritos. O livro é ricamente ilustrado com inúmeras fotografias, principalmente do profeta e de seus penduricalhos e painéis. Além de fotos do próprio profeta Gentileza trabalhando junto a algumas pilastras, existem imagens dos escritos antes, durante e após o processo de restauração.

jose-08.jpg

domingo, 28 de novembro de 2010

Artesanato; MOSAICO NA TELHA

Adoro trabalhos em telha e mosaicos. Esse vídeo incorporou as duas técnicas e ficou lindo!


(execução: Iara Capraro)

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Hora da culinária: Massa de torta perfeita

<a href="http://video.br.msn.com/?mkt=pt-br&amp;vid=ebf86dfe-1565-9632-ed8e-fa2f90d03af0&amp;from=pt-br&amp;fg=dest" target="_new" title="A Massa de Torta Perfeita">Vídeo: A Massa de Torta Perfeita</a>

domingo, 14 de novembro de 2010

Crônica de Miguel Fallabela - Nuvens do Profeta Gentileza

Profeta Gentileza

Eu vinha dirigindo pela enseada de Botafogo, o dia tinha nascido sobre o desfile da Beija-Flor e a manhã soprou uma brisa fresca, antes de o Sol inundar tudo. Mas lá vinha eu, cansado, de janela aberta, sorvendo o ar da minha cidade, feliz da vida, quando apertei a tecla errada no aparelho de som e, ao invés de entrar o samba da Grande Rio, Ella Fitzgerald surgiu cantando Cole Porter, com aquela doçura e categoria de sempre. Imediatamente, o mundo mudou lá fora, minha cabeça deu uma guinada violenta e o olhar foi redirecionado. Ela mal começou a cantar e o olhar foi redirecionado. Música faz isso com a gente, às vezes.

Música nos atira para o ar de repente, sem aviso. É isso. Rouba o chão e estende um tapete de nuvens no lugar. Ella Fitzgerald fez isso, esta manhã, quando eu dirigia pela enseada de Botafogo, achando linda a minha cidade, imaginando o que será dela num futuro que eu não verei. Um futuro distante, quando arqueólogos importantes recuperarão parte dos grandes blocos de concreto com as inscrições do profeta Gentileza, aquelas mesmas que me acostumei a ler e reler nas idas e vindas da Ilha. A beleza gráfica das letras e a composição de suas profecias, de suas palavras de amor. E simplesmente apagaram tudo. Não tiveram sequer o bom senso de perguntar a nós, moradores da cidade, para quem as palavras eram dirigidas. Junto com as palavras de Gentileza, afogados na tinta do poder, vão-se pedaços das minhas viagens e dos meus sonhos, sacolejando nos ônibus, o olhar perdido na feia paisagem da Avenida Brasil, os olhos adolescentes projetando seus sonhos no comprido muro do cemitério do Caju. Tudo apagado. Por um tempo, talvez. Quem sabe, por esses misteriosos descaminhos, aquelas não sejam tábuas de uma grande religião do futuro, preservadas sob a tinta que um dia quis destruí-las. Sei lá, pode ser que aconteça. E pode ser também que tudo desapareça num tapete de nuvens. Mas prefiro acreditar nos mistérios que a vida volta e meia oferece.

Enfim, lembrei da obra de Gentileza e do belo enredo de Joãosinho Trinta e fui colocar o samba da escola para sacudir a manhã, quando deu-se a melódia. Ella começou a cantar e meu corpo cansado parou, enquanto a alma, cheia das alegrias da noite de batuque, virou de cabeça para baixo e, de repente, eu voando nos ares da harmonia, imaginei que nossas existências são desfiles, com grandes carros alegóricos, um para cada evento importante do nosso enredo. E o dia foi passando com mais vagar pela janela, até a brisa segurou a respiração para que alguns dos carros mais delicados passassem pela avenida à beira mar. Congelou-se a imagem daquele momento, a fotografia para sempre guardada nos anais do tempo.

E, na cabeça, eu ia repassando algumas das mensagens que recebi por causa da tal revisita a um dia escolhido, que eu propus na última crônica. Como de hábito, meus leitores se inspiraram e eu tenho recebido poesia de toda parte, pedaços de lembrança, retalhos de vidas, que de alguma forma tento costurar para dar sentido à minha. O nosso patchwork particular. As lembranças de vocês iam se desenrolando na minha cabeça, um grande desfile, carros passando em câmera lenta, Ella cantando ao fundo e o Rio de Janeiro abrindo as cortinas do dia e deixando o sol entrar. Foi assim, esta manhã.

Dormi quase o dia inteiro, um sono picado, besta, de quem parece que tem medo de sonhar. Acordando toda hora, achando que ainda não tinha descansado o bastante, e volta e meia lembrando de um relato, de uma lembrança de alguém, que de longe me ajuda, agora, a escrever esta crônica. Não consegui dormir direito, no final das contas, enquanto o dia corria célere lá fora, ao encontro das luzes do segundo dia. Fiquei zanzando pela casa vazia e acabei sentado no computador, recebendo novas mensagens, mais corações rebentando em flor e gente que fala bonito e pensa bonito e eu vou lendo como quem se ilustra. Acabei marcando todas as mensagens que vocês me enviaram e quero ver se consigo realmente fazer uma crônica que seja uma colcha dos retalhos de todos os nossos corações urbanos (ou, pelo menos, os desses encontros às quintas-feiras). Não sei ainda de que jeito, mas uma hora, assim como quem não quer nada, eu me inspiro.

E, já que todos confessaram tão despudoramente suas preferências, sinto-me na obrigação de compartilhar igualmente meus segredos, de modo que, muito aqui entre nós, se me dado fosse este direito, o dia que revisitaria seria aquele mais comum, um dia de semana qualquer. Nada especial. Apenas um brilho verde nos olhos, um meio sorriso no canto da boca e uma promessa de amor no ar. Esse dia seria o revisitado.

Se me dado fosse esse direito.

Quem foi o "Profeta Gentileza" ?


Sua infância

Com mais nove irmãos, José Datrino teve uma infância de muito trabalho, onde lidava diretamente com a terra e com os animais. Para ajudar a família, puxava carroça vendendo lenha nas proximidades. Desde cedo aprendeu a amar, respeitar e agradecer à natureza pela sua infinita bondade. O campo ensinou a José Datrino a amansar burros para o transporte de carga. Tempos depois, como profeta Gentileza, se dizia “amansador dos burros homens da cidade que não tinham esclarecimento”. Desde sua infância José Datrino era possuidor de um comportamento atípico. Por volta dos doze anos de idade, passou a ter premonições sobre sua missão na terra, onde acreditava que um dia, depois de constituir família, filhos e bens, deixaria tudo em prol de sua missão. Este comportamento causou preocupação em seus pais, que chegaram a suspeitar que o filho sofria de algum tipo de loucura, chegando a buscar ajuda em curandeiros espíritas.

No Rio de Janeiro

Aos vinte anos foi para o estado do Rio de Janeiro, enquanto sua família mudava-se para Mirandópolis, também cidade do interior de São Paulo. No Rio de Janeiro, casou com Emi Câmara com quem teve cinco filhos. Começou sua vida de empresário com um pequeno empreendimento na área de transportes, onde fazia fretes para o sustento da família. Aos poucos, o negócio foi crescendo até se tornar uma transportadora de cargas sediada no centro da cidade.

Surge o Profeta Gentileza

No dia 17 de dezembro de 1961, na cidade de Niterói, quando tinha 44 anos, houve um grande incêndio no circo “Gran Circus Norte-Americano“, o que foi considerado uma das maiores tragédias circenses do mundo. Neste incêndio morreram mais de 500 pessoas, a maioria, crianças. Na antevéspera do natal, seis dias após o acontecimento, José acordou alucinado ouvindo “vozes astrais“, segundo suas próprias palavras, que o mandavam abandonar o mundo material e se dedicar apenas ao mundo espiritual. O Profeta pegou um de seus caminhões e foi para o local do incêndio. Plantou jardim e horta sobre as cinzas do circo em Niterói, local que um dia foi palco de tantas alegrias, mas também de muita tristeza. Aquela foi sua morada por quatro longos anos. Lá, José Datrino incutiu nas pessoas o real sentido das palavras “Agradecido” e “Gentileza”. Foi um consolador voluntário, que confortou os familiares das vítimas da tragédia com suas palavras de bondade. Daquele dia em diante, passou a se chamar “José Agradecido“, ou simplesmente “Profeta Gentileza”.

Após deixar o local que foi denominado “Paraíso Gentileza”, o profeta Gentileza começou a sua jornada como personagem andarilho. A partir de 1970 percorreu toda a cidade. Era visto em ruas, praças, nas barcas da travessia entre as cidades do Rio de Janeiro e Niterói, em trens e ônibus, fazendo sua pregação e levando palavras de amor, bondade e respeito pelo próximo e pela natureza a todos que cruzassem seu caminho. Aos que o chamavam de louco, ele respondia: – “Sou maluco para te amar e louco para te salvar“.

Os murais

A partir de 1980, escolheu 56 pilastras do Viaduto do Caju que vai do Cemitério do Caju até a Rodoviária Novo Rio, numa extensão de aproximadamente 1,5km. Ele encheu as pilastras do viaduto com inscrições em verde-amarelo propondo sua crítica do mundo e sua alternativa ao mal-estar da civilização. Durante a Eco-92, o Profeta Gentileza colocava-se estrategicamente no lugar por onde passavam os representantes dos povos e incitava-os a viverem a Gentileza e a aplicarem Gentileza em toda a Terra.

Citação: “Gentileza Gera Gentileza”.

Após sua morte

Em 29 de maio de 1996, aos 79 anos, faleceu na cidade de seus familiares, onde se encontra enterrado, no “Cemitério Saudades”.

Com o decorrer dos anos, os murais foram danificados por pichadores, sofreram vandalismo, e mais tarde cobertos com tinta de cor cinza. Com ajuda da prefeitura da cidade do Rio de Janeiro, foi organizado o projeto Rio com Gentileza, que teve como objetivo restaurar os murais das pilastras. Começaram a ser recuperadas em janeiro de 1999. Em maio de 2000, a restauração das inscrições foi concluída e o patrimônio urbano carioca foi preservado.

No final do ano 2000 foi publicado pela EdUFF (Editora da Universidade Federal Fluminense) o livro Brasil: Tempo de Gentileza, do professor Leonardo Guelman. A obra introduz o leitor no “universo” do profeta Gentileza através de sua trajetória, da estilização de seus objetos, de sua caligrafia singular e de todos os 56 painéis criados por ele, além de trazer fatos relacionados ao projeto Rio com Gentileza e descrever as etapas do processo de restauração dos escritos. O livro é ricamente ilustrado com inúmeras fotografias, principalmente do profeta e de seus penduricalhos e painéis. Além de fotos do próprio profeta Gentileza trabalhando junto a algumas pilastras, existem imagens dos escritos antes, durante e após o processo de restauração.

jose-08.jpg