domingo, 11 de abril de 2010
Meu amor pela poesia de Neruda
(casa de Neruda em Isla Negra-Chile)
Amo Pablo Neruda. Há muitos anos, quando li seu primeiro verso, me entreguei.
Tudo o que escreveu me toca, me transporta para perto do mar, para dias frios envoltos em neblina da bruma marinha e ao cheiro de sal . A visão do mar de Isla Negra com seus casebres de telhado molhado e redes de pesca penduradas pela janela, se forma em minha mente e o vejo, em passos lentos, talvez com o coração a sangrar, caminhando sobre a escura areia daquela ilha esquecida da costa do Chile, onde o mar cinzento e triste, traz lentamente algas e gaivotas à praia. Longe, consigo ver os barcos dos pescadores sacolejando ao sabor das ondas, amarrados no pier fustigado pelos ventos. Neruda amava aquela ilha. Era seu refúgio, onde se encontrava e se perdia, tomado pelas grandes paixões de sua vida: poesia e solidão. Quem assistiu ao filme "O Carteiro e o Poeta" sabe do que estou falando. Foi, de longe, o filme mais lindo que já vi. Pablo Neruda desperta meu lado melancólico, mas nem por isso menos importante para a formação do meu equilíbrio. É a mistura do mar e o amor na medida exata.
"Não te quero a não ser porque te quero
e de te querer a não te querer chego
e de te esperar quando não te espero
passa meu coração do frio ao fogo.
Só te quero porque é a ti quem quero,
sem fim te odeio, e com ódio te peço,
e a medida do amor meu, viajeiro,
é não te ver e amar-te como um cego.
Talvez consuma a luz de janeiro,
seu raio cruel, meu coração inteiro,
de mim roubando a chave do sossego.
Nessa história só eu morro
e morrerei de amor porque te quero,
porque te quero, amor, a sangue e fogo." (Cien sonetos de amor)
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"Pensei em morrer, senti de perto o frio,
e de quanto vivi só a ti eu deixava:
tua boca era o meu dia e minha noite terrestres
e tua pele a república fundada por teus beijos.
Nesse instante se terminaram os livros,
a amizade, os tesouros sem trégua acumulados,
a casa tranparente que tu e eu construímos:
tudo deixou de ser, menos os teus olhos.
Porque o amor, enquanto a vida nos acossa,
é simplesmente uma onda alta sobre as ondas
mas ai quando a morte nos vem tocar a porta.
só existe teu olhar para tanto vazio,
só a tua claridade para não seguir sendo,
somente o teu amor para encerrar a sombra."(Cien sonetos de amor)
das palavras que não falam simplesmente, que dizem.
O carteiro Mário Ruppolo (Massimo Troisi) com poeta Pablo Neruda (Philippe Noiret) falando de metáforas diante do mar no filme "O carteiro e o poeta".
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domingo, 11 de abril de 2010
Meu amor pela poesia de Neruda
(casa de Neruda em Isla Negra-Chile)
Amo Pablo Neruda. Há muitos anos, quando li seu primeiro verso, me entreguei.
Tudo o que escreveu me toca, me transporta para perto do mar, para dias frios envoltos em neblina da bruma marinha e ao cheiro de sal . A visão do mar de Isla Negra com seus casebres de telhado molhado e redes de pesca penduradas pela janela, se forma em minha mente e o vejo, em passos lentos, talvez com o coração a sangrar, caminhando sobre a escura areia daquela ilha esquecida da costa do Chile, onde o mar cinzento e triste, traz lentamente algas e gaivotas à praia. Longe, consigo ver os barcos dos pescadores sacolejando ao sabor das ondas, amarrados no pier fustigado pelos ventos. Neruda amava aquela ilha. Era seu refúgio, onde se encontrava e se perdia, tomado pelas grandes paixões de sua vida: poesia e solidão. Quem assistiu ao filme "O Carteiro e o Poeta" sabe do que estou falando. Foi, de longe, o filme mais lindo que já vi. Pablo Neruda desperta meu lado melancólico, mas nem por isso menos importante para a formação do meu equilíbrio. É a mistura do mar e o amor na medida exata.
"Não te quero a não ser porque te quero
e de te querer a não te querer chego
e de te esperar quando não te espero
passa meu coração do frio ao fogo.
Só te quero porque é a ti quem quero,
sem fim te odeio, e com ódio te peço,
e a medida do amor meu, viajeiro,
é não te ver e amar-te como um cego.
Talvez consuma a luz de janeiro,
seu raio cruel, meu coração inteiro,
de mim roubando a chave do sossego.
Nessa história só eu morro
e morrerei de amor porque te quero,
porque te quero, amor, a sangue e fogo." (Cien sonetos de amor)
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"Pensei em morrer, senti de perto o frio,
e de quanto vivi só a ti eu deixava:
tua boca era o meu dia e minha noite terrestres
e tua pele a república fundada por teus beijos.
Nesse instante se terminaram os livros,
a amizade, os tesouros sem trégua acumulados,
a casa tranparente que tu e eu construímos:
tudo deixou de ser, menos os teus olhos.
Porque o amor, enquanto a vida nos acossa,
é simplesmente uma onda alta sobre as ondas
mas ai quando a morte nos vem tocar a porta.
só existe teu olhar para tanto vazio,
só a tua claridade para não seguir sendo,
somente o teu amor para encerrar a sombra."(Cien sonetos de amor)
das palavras que não falam simplesmente, que dizem.
O carteiro Mário Ruppolo (Massimo Troisi) com poeta Pablo Neruda (Philippe Noiret) falando de metáforas diante do mar no filme "O carteiro e o poeta".
2 comentários:
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Tania,também amo as poesias do Neruda!
ResponderExcluirO filme foi ótimo também...e essas
imagens aí,deram um toque especial.
Bjs.
Pois é, mais uma afinidade, hein amiga?? Adoro Pablo Neruda, amei o filme, sonho acordada lendo os livros dele. Me foi apresentado por um amigo que está no andar de cima, me presenteou com um livro dele e desde então sou fã nº 1.
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